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sábado, 5 de novembro de 2016

#Mistérios

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Uma família russa tão isolada que nem sabiam que a Segunda Guerra Mundial já tinha acabado

Posted: 05 Nov 2016 07:16 AM PDT

Tempo de leitura: 7 minutos

É muito curiosa a história da família Lykov. Acredite se puder, essas pessoas moravam numa região tão remota do vasto território siberiano que eram como uma tribo perdida. Descobertos por acaso graças a geólogos russos em uma expedição por áreas até hoje inexploradas, eles nem sequer sabiam que a Segunda Guerra Mundial já tinha acabado.

Aliás, se há um bom lugar para se esconder no planeta Terra, é na taiga siberiana. Além de se tratar de um dos lugares mais isolados do mundo, a taiga também um dos terrenos mais difíceis de viajar por ela, e sabe-se que é quase impossível viver lá.

Com um clima lazarento de ruim, formado por verões super curtos e monstruosos e intermináveis períodos de inverno, qualquer um que se meta lá tem chances substanciais de morrer. Sabemos que a taiga siberiana é a maior da região selvagem da Terra e praticamente desabitada. Com nada menos que  5,1 milhões de milhas quadradas, estamos falando de um território que abrange cerca de 10% da superfície do PLANETA!
Não obstante a dureza natural do ambiente, a região ainda é lar de ursos e raposas durante o dia e também lobos, que caçam durante a noite. Com uma temperatura média de cinco graus negativos no verão (nossa, que calor, hein?) e com invernos tão cabulosos que o de 1933 registrou uma temperatura de 67,7 graus abaixo de zero, a taiga não é para fracos.

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Dito isso, é extremamente improvável que uma família resolva do nada um belo dia se mudar para esse deserto gelado, tão longe de tudo que é perto do lugar onde o território soviético fazia fronteira com a Mongólia.

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Eles foram descobertos em 1978, por acaso por geólogos russos. Era um grupo de quatro geólogos que viram a cabana, enquanto circulavam a área em um helicóptero.

Nenhuma autoridade tinha sequer ouvido falar de seres humanos habitando essa parte da Sibéria. Munidos de presentes e armas de fogo, lá foram os geólogos.

"Ao lado de um riacho, tinha uma construção. A cabana estava toda recoberta de detritos da floresta e se não fosse por uma janela minúscula, seria difícil acreditar que tinha gente ali. Eis que a porta abre e um homem, que parecia saído de um conto de fadas, saiu. Descalço, ele usava uma roupa toda remendada e parecia atento e amedrontado. Nós dissemos que viemos visitá-los e, depois de um tempo, com uma voz trêmula, ele disse 'Bem, já que vocês vieram de tão longe, poem entrar'."

Esse é o depoimento de Galina Pismenskaya, a geóloga russa que chefiou a expedição e a primeira pessoa que conversou com o homem barbudo que abriu a porta. O depoimento foi publicado pela revista americana Smithsonian Magazine.

O encontro foi chocante para os dois lados. O chão da cabana era forrado por cascas de batata, pinhas e cascas de nozes. Entre as várias descrições de Pismenskaya para o interior do espaço, fiquemos com "apertado, mofado, indescritivelmente imundo e escorado por vigas caídas". Além do homem, moravam ali também seus 4 filhos.

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Foi quando suas duas filhas apareceram, meio sorrateiras, meio desconfiadas, que a cena ficou insondável de verdade: uma rezava, dizendo que aqueles forasteiros estavam ali "por causa dos pecados da família" e a outra parecia verdadeiramente assustada com a luz vinda da janela. Então a turma decidiu sair.

Depois de uma sutil aproximação do velho, ainda naquele dia, os dois grupos começaram a se conhecer, da maneira menos trôpega que o abismo temporal permitia. Pra resumir a história: ele era um Velho Crente, nome que se deu a uma vertente da Igreja Ortodoxa Russa perseguida pelo Czar Pedro, o Grande. Sua família era de uma fé inviolável e não é difícil imaginar como isso contrastava com o ateísmo dos bolcheviques que tinham assumido o poder em 1917.

Eram até aquele momento cinco pessoas vivendo em isolamento, completamente alheios ao resto do mundo por nada menos que 40 anos. Os Lykov eram crentes, e viviam como eremitas nas Montanhas Sayan no sul da Sibéria, desde 1936.

Karp Lykov e sua filha Agafia
Karp Lykov e sua filha Agafia

A família Lykov habitou uma região cerca de 150 milhas distante do povoado mais próximo, em um ponto que nunca havia sido explorado. Antes de 1936, eles tinham uma vida urbana, vivendo numa cidade pequena na Rússia. Em 1936 seu irmão foi assassinado por uma patrulha comunista. Lykov estava ao seu lado no momento da morte e, assustado, tudo que conseguiu pensar foi em pegar sua família e ir pra longe de tudo.  E nunca foram vistos depois daquele dia.

Muita gente certamente considerou que eles tinham morrido na jornada.

Porém desafiando a lógica, por mais de 4 décadas,  Karp Lykov, junto com sua esposa e filhos, viveram em uma cabana de madeira. Quando eles decidiram ir para a taiga siberiana eram 4 familiares: Karp Lykov; sua esposa Akulina; seu filho Savin; e sua filha Natalia.

Tempos depois nasceriam mais duas crianças: Dmitry em 1940, e Agafia em 1943.
Eles tinham livros de oração e uma velha Bíblia da família, onde as crianças aprenderam a ler e escrever.

A família Lykov comia raízes, plantavam seus próprios vegetais e costuravam suas próprias roupas, com um tecido que eles também faziam!  Eles aprenderam a caçar sem armas ou arcos. Quando Dmitry cresceu, tornou-se um especialista em caça.

Eventualmente, Dmitry tornou-se tão integrado ao ambiente que ele caçava descalço – NO INVERNO!

No final de 1950 vieram os maus momentos. Eles enfrentaram um longo período de fome e Akulina morreu, deixando Karp com os filhos.

Quando os geólogos os encontraram em 1978 eles ficaram surpresos com aquela família sobrevivendo em condições medievais. No entanto, Karp Lykov era simpático e deu as boas-vindas aos estranhos. No início, eles os Lykov recusaram tudo o que a eles foi oferecido pelos geólogos, e a única coisa que eles aceitaram foi sal.

Karp não sentia o gosto do sal por mais de 40 anos.

A família Lykov estava completamente inconsciente da Segunda Guerra Mundial e obviamente nem imaginavam que os seres humanos pousaram na Lua. Quando os geólogos ganharam sua confiança, eles mostraram-lhes os “milagres” da vida moderna.  O velho Karp ficou fascinado pelas inovações que haviam trazido com eles.

Conforme o repórter Vasily Peskov disse: “O que mais maravilhou Karp, acima de tudo, foi um singelo pacotinho de celofane transparente. Ele olhou, olhou, maravilhado e disse: Meu Deus! É de vidro, mas amassa “!

No outono de 1981, três dos quatro filhos (Dmitry, Natalia, e Savin) faleceram em um curto espaço de tempo. Dois morreram de insuficiência renal e um de pneumonia.

Os geólogos tentaram em várias ocasiões para convencer Karp e sua filha Agafia a voltar para a civilização, ir morar com parentes em uma aldeia a 150 milhas de distância, mas eles se recusaram.

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Karp morreu em 16 de fevereiro de 1988 e sua filha Agafia continuou vivendo sozinha nas montanhas de taiga siberiana. Em 70 anos, ela se aventurou para fora do assentamento da família somente seis vezes.

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A primeira vez foi na década de 1980, pouco depois de Vasily Peskov apresentou uma matéria sobre a família e transformou-os em um fenômeno nacional. O governo soviético pagou para ela fazer uma turnê pela União Soviética por um mês, período em que ela viu aviões , cavalos , carros e o dinheiro pela primeira vez. Desde então, ela só deixou o casebre no fim do mundo para procurar tratamento médico, visitar parentes distantes e para conhecer outros religiosos.

Ela ainda está lá, isolada, em completo silêncio em meio a neve, enquanto você lê estas linhas. 

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