#Mistérios |
Posted: 30 Sep 2016 11:31 AM PDT Tempo de leitura: 4 minutos Vivemos essa tenebrosa época de paixões avassaladoras onde é crime mortal não compactuar com os anseios e opiniões dos outros. Se você não se alinha com os ideais políticos de certas pessoas será taxado, seja como coxinha, seja como reaça, seja como petralha, como otário ou sabe-se lá o que for a modinha da epitetação da discórdia alheia. Os ânimos, como não poderia deixar de ser, se acirram à medida em que nos aproximamos de eleições, esses tempos de conflitos eternos. Mas se há uma coisa realmente escrota ocorrendo por aí é a falta de noção e respeito pelo trabalho alheio. Um bom exemplo? Aqui: O monumento às bandeiras, parece o preferido dos vândalos. Não é a primeira vez que o monumento em homenagem à fundação de São Paulo surge pixado e vandalizado. Já aconteceu antes. Nota-se claramente, o cunho de protesto desse vandalismo. Vi hoje gente na minha timeline do facebook defender essas atitudes, alegando que a escultura “merece” a depredação, porque os Bandeirantes eram assassinos. Sim, eram. A história nos mostra isso. Os caras eram sanguinários pra caralho como eram os descobridores e todos os sujeitos malucos o suficiente para desbravar terras com índios canibais, doenças e etc e tal em busca de ouro ou pedras preciosas em todo o Novo Continente. Não tem NENHUMA novidade nesse fato. É FATO HISTÓRICO essa merda. Agora, não me leve a mal, mas se você pensa que uma escultura “MERECE” ser fodida porque ela representa algo do século quinze e dezesseis, que em pleno ano de 2016, você combate, você é um demente retardado que precisa de um Psiquiatra PRA ONTEM! Só faz uma porra dessas um zé ruela de quinta categoria que JAMAIS esculpiu qualquer porra que seja. Se por acaso um dia sequer tentasse levantar a bunda para fazer alguma coisa simples que fosse em escultura, aprenderia a dar valor à arte alheia, independentemente do que ela significasse. O que isso me lembra? Me lembra da destruição acéfala de patrimônio cultural da Humanidade promovida pelo Estado Islâmico. Não dá pra aplaudir uma idiotice dessas e ser considerado normal ao mesmo tempo. No Brasil, infelizmente, somos açoitados diariamente pelos reflexos culturais de nosso subdesenvolvimento, na crônica falta de educação no estrito amplo da palavra, onde não se conhece mais o respeito pelo trabalho alheio. Penso que muitas dessas pessoas sequer percebem que existiu uma criação, um planejamento um trabalho árduo ali. Para essas pessoas, esculturas urbanas são apenas objetos. São elementos urbanos, invisíveis, semi-amorfos mimetizados na crueza urbanóide, que nos raros momentos que podem ser observadas, o são pela perspectiva distorcida de que “o pixador é o artista e a cidade é sua tela”. As esculturas estão lá e por isso devem sofrer o impacto que o outro decide infligir, porque no fundo, a sensação que impera no Brasil é que a coisa publica não é de ninguém e por isso se pode fazer o que quiser com ela. Dos desvios de verba ao desejo de imprimir sua marca, sua denúncia e seu protesto para a posteridade, mesmo que sobre o trabalho alheio. Por mais que você tenha paixão ou uma causa, por um ideal político ou mesmo por uma utopia, é irracionalidade impô-la sob o manto da destruição da arte alheia. Perdão aí aos amantes das “intervenções urbanas pós modernas” mas acho o cumulo da putaria pixar a escultura de um artista. Isso é coisa de otário sem noção. Você não está apenas degradando sua cidade como está dando um testemunho atemporal e tridimensional de sua irracionalidade patética. Mais ainda, é um contra-senso. Na cena da pixação, respeita-se o grau de risco envolvido, respeita-se o projeto da ação, de modo que os próprios pixadores deveriam ver essas atitudes sobre o trabalho alheio como uma verdadeira vergonha ao grupo e à cena da pixação. Testemunhos da fraqueza. É a mediocridade da mediocridade pós-moderna. Artista de verdade respeita outro artista.
O post A irracionalidade das paixões foi criado no blog Mundo Gump. |
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