USAComment.com
Zicutake USA Comment | Busque Artigos


sábado, 13 de maio de 2017

#Brasil

#Brasil


Dilma Rousseff critica cobertura política da Globo: “jornalismo de guerra”

Posted: 13 May 2017 07:06 PM PDT

Ernesto Rodrigues/Folhapress - 13.10.2015

A ex-presidente Dilma Rousseff publicou neste sábado (13) uma carta em que critica a cobertura jornalística das Organizações Globo a respeito das investigações da Operação Lava Jato. Para a presente, a empresa de mídia que "substituir o Judiciário" pelo "escândalo midiático". "Julgam e condenam", afirma Dilma.

A revolta da ex-presidente é generalizada com o trabalho da empresa, mas é direcionada principalmente ao jornalista Merval Pereira, que sugeriu a prisão da petista em coluna publicada neste sábado no jornal O Globo.

"Não é exagero dizer que a ex-presidente Dilma corre o risco de ser presa por obstrução da Justiça a qualquer momento", escreveu Pereira.

O jornalista faz referência aos depoimentos de Mônica Moura e João Santana aos Ministério Público Federal. O casal de marqueteiros foi responsável pelas duas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010 e 2014).

Os vídeos das delações vieram à tona nesta quinta-feira (11), após o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspender o sigilo.

Segundo Mônica Moura, na véspera da prisão do casal, a petista alertou os dois sobre os mandados de prisão por meio, supostamente, de um e-mail secreto criado especificamente para troca de informações privilegiadas.

Mônica disse aos procuradores que Dilma ligou para a República Dominicana, onde o casal estava, para avisar Santana que eles seriam presos. Segundo a empresária, Dilma tinha informações privilegiadas por meio do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. As acusações dos publicitários ainda precisam ser confirmadas por meio de documentos.

Santana e Mônica Moura foram presos na 23ª fase da operação Lava Jato, em fevereiro do ano passado, por determinação do juiz federal Sérgio Moro, mas foram soltos após pagarem fiança de R$ 31,4 milhões e ficarem proibidos de atuar em campanhas eleitorais até uma nova decisão sobre o caso.

Decisão tardia

Dilma disse na quinta-feira (11) lamentar o que chamou de decisão "tardia" do Supremo Tribunal Federal de acabar com o sigilo dos depoimentos dos ex-marqueteiros do PT. A petista enfrenta um processo de cassação da chapa dela e do então candidato a vice-presidente, Michel Temer, nas eleições de 2014, por suposto abuso de poder político e econômico na campanha.

Os advogados de Dilma já apresentaram as alegações finais no processo. Segundo nota da assessoria de Dilma, há semanas a defesa requereu acesso às delações dos marqueteiros ao ministro-relator da ação movida pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral, Herman Benjamin. "A defesa foi prejudicada pela negativa do relator. Não foi possível cotejar os depoimentos prestados pelo casal à Justiça Eleitoral e na Lava Jato", afirmou o comunicado.

Na nota, a assessoria de Dilma também reafirmou que "João Santana e Mônica Moura prestaram falso testemunho".

Leia abaixo a carta completa publicada hoje por Dilma:

Dilma: "Globo promove justiçamento e incita à prisão"

O jornalismo de guerra promovido contra mim e o presidente Lula é a prova de que a escalada autoritária contaminou radicalmente os formadores de opinião pública, como Merval Pereira, que hoje sugere, no Globo, a minha prisão.

A cobertura das Organizações Globo, defendendo o justiçamento de adversários políticos, quer substituir o Judiciário – e todas as demais instâncias operadoras do Direito – pelo escândalo midiático. Julgam e condenam.

Buscam se constituir numa espécie de poder judiciário paralelo sem as garantias da Justiça, base do Estado Democrático de Direito. Fazem, assim, verdadeiros linchamentos, tentando destruir a biografia e a imagem de cidadãos e cidadãs. Nesse processo, julgam sem toga e promulgam sentenças sem direito de defesa.

Ferem de morte a liberdade de imprensa pois não respeitam a diversidade de opinião e a Justiça. Selecionam alvos e minimizam malfeitos. Seu único objetivo é o maior controle oligopólico dos meios de comunicação, para impor um pensamento único: o  seu.

Em outros tempos, em outros países, tais práticas resultaram na perseguição  política e na destruição da democracia levando à escalada da violência e do fascismo.

Não adianta a intimidação. Não vou me curvar diante dessas ameaças e muito menos do jornalismo de guerra praticado pela Globo. Nem a tortura me amedrontou.

Repito o que tenho dito, dentro e fora do país: o Golpe de 2016 não acabou. Está em andamento. Não foi contra o meu governo, apenas. Foi contra o povo brasileiro e o Brasil. Está sendo executado todos os dias pela Globo, pelo governo golpista e todos que tentam desesperadamente consolidar o Estado de Exceção e a destruição de direitos.

Não vão me calar!

Dilma Rousseff

Temos sete presos preventivos, não me parece número exagerado, diz Moro em Londres

Posted: 13 May 2017 06:04 PM PDT

Moro debateu o assunto com o jurista e ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo BBC Brasil/CYNTHIA VANZELLA/BRAZIL FORUM UK

No comando da operação Lava Jato em 1ª instância desde 2014, o juiz Sergio Moro é alvo de críticas por um suposto "abuso de poder" do Judiciário na maneira de conduzir a investigação. Neste sábado (13), participando de um evento organizado por pesquisadores brasileiros em Londres, o magistrado falou sobre o tema e reforçou seu compromisso com a "ortodoxa aplicação da lei".

— Eu não defendo nada diferente da aplicação ortodoxa da lei processual penal. O poder de revisão do Judiciário sobre leis deve ser exercido com uma certa parcimônia, com uma autocontenção.

Um dos aspectos abordados pelo juiz foram as prisões preventivas realizadas na Lava Jato. A medida adotada em algumas situações pelo magistrado gerou contestações de especialistas em Direito Penal sobre a necessidade dela — que é considerada "medida excepcional" na Constituição.

Ciro Gomes: Lula racha país em bases odientas, rancorosas e violentas

— Esse caso da prisão preventiva tem sido realmente um tema polêmico. Aqui não precisa nenhum ativismo, é pura aplicação ortodoxa da lei processual penal. Essa lei diz: a prisão preventiva é excepcional, e eu concordo absolutamente com isso. Fala-se muitas vezes num exagero, a gente pode divergir quanto a isso. Mas, numericamente, nós temos hoje talvez sete pessoas acusadas de crime presas preventivamente sem que tenham sido julgadas. Não me parece que seja um número exagerado.

Moro citou exemplos de prisões preventivas realizadas na operação e reforçou que todas estão dentro da lei.

— O primeiro executivo da Petrobras que foi preso foi porque se constatou, e isso foi inclusive filmado, que familiares dele estavam ocultando provas durante a realização da busca e apreensão. Caso clássico da prisão preventiva. É que quando nós falamos dessas sete prisões, nós não estamos falando de prisões de pessoas vulneráveis. Nós estamos falando de prisões de pessoas poderosas. Então as pessoas podem divergir razoavelmente, mas na minha visão é aplicação ortodoxa da lei penal que permite em casos excepcionais, e aqui há excepcionalidade.

Durante sua fala, Sergio Moro disse que o sitema Judiciário atualmente está sobrecarregado e que isso, aliado a uma "generosidade excessiva de recursos", fazia com que pessoas poderosas conseguissem ficar impunes.

— Eu diria que no direito brasileiro poderíamos dizer que, para toda ação, existe um recurso. Isso fazia com que pessoas poderosas conseguissem manipular o sistema utilizando os meios de defesa. Assim, os processos que buscavam responsabilização de agentes poderosos econômicos e políticos nunca chegavam ao seu término — e na prática isso significava impunidade. O direito penal tem uma santidade perversa. Ele acaba sendo aplicado de maneira intensa em grupos vulneráveis, enquanto em grupos poderosos é por vezes ineficaz.

Judiciário e política

Poucos dias após ouvir o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz foi a Londres para participar do Brazil Forum U.K. em uma mesa sobre o tema "Reequilibrando os poderes: o papel do judiciário na democracia brasileira" ao lado de, dentre outros convidados, o ex-ministro da Justiça durante o governo Dilma Rousseff José Eduardo Cardozo.

Ainda no início de sua fala, Moro cumprimentou Cardozo e assegurou que o clima entre os dois não seria de conflito. "Não sei se alguém esperava um confronto", disse, entre risadas.

— Juro que não dei nenhuma cotovelada nele.

O evento transcorreu sem embates entre os dois, porém na plateia, completamente lotada por brasileiros, em alguns momentos era possível observar uma polaridade misturando vaias e aplausos tanto para Cardozo, quanto para Moro.

Uma das perguntas que gerou reações duplas foi sobre uma suposta "ditadura do Judiciário" que o Brasil estaria vivendo — e foi direcionada a Cardozo.

— O problema do Judiciário é que muitas vezes, pela dinâmica, eles assumem o embate político. Isso é complicado porque a partir do momento em que o Judiciário assume posição de agente político, ele perde sua legitimidade. Juiz tem que ter a coragem de saber ser vaiado, ele não pode jogar para a plateia. O poder Judiciário não pode virar alguém que segue a opinião pública. O juiz tem que enfrentar a opinião pública.

Quando teve a fala para responder à segunda pergunta feita no debate — a respeito da exposição dos juízes na imprensa —, Moro aproveitou para fazer suas considerações sobre a observação de Cardozo.

— Evidentemente que o juiz não pode julgar um caso segundo a opinião pública, afinal ele tem que fazer a aplicação ortodoxa da lei. Mas essa aplicação da lei por vezes é um desafio muito grande. O Brasil está mantendo essa tradição de impunidade de crimes praticados por pessoas poderosas. Para isso (acabar com a impunidade), são necessários instrumentos. Um desses instrumentos é a opinião pública favorável à continuidade dos processos. Mas evidente que o juiz tem que julgar de acordo com as provas, absolvendo ou condenando a opinião pública.

O juiz de Curitiba ainda respondeu a Cardozo sobre sua "crítica" ao Judiciário — que teria funcionado como agente político em algumas ocasiões para o ex-ministro.

— Nesses casos envolvendo corrupção de agentes políticos de elevada hierarquia, um julgamento sempre tem reflexos políticos. Mas esses reflexos ocorrem fora da Corte de Justiça. O juiz nao pode julgar pensando nisso, ele tem que julgar segundo as leis das provas. O que acontece no mundo político a partir disso não é de responsabilidade dele. Se o juiz for julgar pensando na consequência política, aí ele não está fazendo seu papel. Acho que nesse caso tem essa confusão porque envolve pessoas poderosas, aí acham que os julgamentos são políticos, quando na verdade não são.

O evento Brasil Forum U.K em Londres ainda acontece neste domingo, quando receberá, entre outros nomes, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, e o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Ciro Gomes: Lula racha país em bases odientas, rancorosas e violentas

Posted: 13 May 2017 05:47 PM PDT

"Eu tenho medo de quê, mulher? Eu tenho coragem de mamar em onça", diz Ciro, ao ser questionado sobre temer Bolsonaro BBC Brasil

Paulista de nascimento e cearense de criação, Ciro Gomes já foi prefeito, deputado estadual, deputado federal, governador e ministro dos governos Itamar Franco e Lula. Hoje ele enche a boca para dizer que tem 37 anos de vida pública e é a pessoa mais preparada para ser presidente do Brasil.

"Mais que todos", afirma, sem modéstia, dizendo que o fato de aparecer estacionado em torno de 5% nas pesquisas de intenção de votos é "provisório".

Hoje no PDT, ele já passou por sete diferentes partidos. Defende-se dizendo que falta identidade partidária a "100% dos políticos brasileiros", inclusive ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).

Dono de um estilo franco e impulsivo que há anos lhe rende a fama de "destemperado", ele admite que tem medido mais as palavras. Ao falar do deputado federal Jair Bolsonaro, lembra que este lhe deu um voto na disputa presidencial de 2002 e diz que atualmente ele cumpre um papel importante ao atrair os antipetistas, afastando-os dos tucanos.

Mas Ciro Gomes continua sem poupar adjetivos mais contundentes quando se refere a nomes como o do presidente Michel Temer, do ex-presidente Lula, e do prefeito de São Paulo, João Doria. Diz que não sabe ao certo "se Temer chefia uma quadrilha ou um bando de patetas". Doria, por sua vez, é um "farsante". E Lula, para ele, "é o grande responsável por este momento político trágico que o Brasil está vivendo".

Questionado se tem medo de "bater" em Bolsonaro, Ciro dispara: "Eu tenho medo de quê, mulher? Eu tenho coragem de mamar em onça. A guerra entre a turma dele e a minha na internet é uma coisa selvagem. Mas eu não. Tu achas que vou me preocupar com isso? Estou preocupado é com o Brasil", disse à BBC Brasil, em Londres.

Na Inglaterra, o ex-governador participa do Brazil Forum UK, evento que reúne neste fim de semana acadêmicos, políticos e economistas para falar do Brasil. Ele diz que não quer se encontrar com o juiz Sérgio Moro, um "garoto" deformado pelo "aplauso e pela juventude" que "sucumbiu" e foi arrastado por Lula para a arena política. Ele afirma estar mais interessado na palestra do economista André Lara Resende, um dos criadores do Plano Real.

Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Ciro Gomes à BBC Brasil, em Londres.

Como o senhor prefere ser chamado? Ministro, ex-governador, tem alguma preferência?

Ciro Gomes: Ciro. Ciro é minha preferência. Se você quiser ser agradável, gentil, você chama pelo maior cargo de acesso popular que a pessoa terá tido.

Então é governador.

Isso. Mas eu prefiro Ciro.

O senhor estava trabalhando para a Transnordestina Logística, da CSN. Largou o emprego logo após a posse do governo então interino Michel Temer e voltou a fazer política em tempo integral. O senhor se considera uma antítese do que muito eleitor parece estar procurando neste momento? Já que está na moda eleger iniciantes ou aqueles que insistem em dizer que não são políticos?

Alguns defeitos assim chamados meus, da minha vida pública, tipo uma certa franqueza, uma certa aspereza nas palavras, hoje são vistos como um valor, como não hipócrita. E esse é um valor procurado. Mas eu, evidentemente, não aceito entrar nessa onda mentirosa, mistificadora de que um político não faz política ou quem faz política é um não político. Isso é tudo uma leitura de marketing barato para tentar ser idiota e presumir que o povo é idiota. Na verdade, eu represento um projeto alternativo para o Brasil há muitos anos. Esse projeto tem se aperfeiçoado, tem se aprofundado, tem um pouco mais de lucidez, com os pontos nevrálgicos da questão socioeconômica brasileira e isso faz a diferença da minha personalidade no processo de debate no Brasil.

Falando em se colocar como uma terceira via, ou como uma possibilidade, o senhor tem dito que só sai candidato à presidente da República se o seu atual partido, o PDT, quiser. Mas as pesquisas mais recentes colocam o deputado federal Jair Bolsonaro e o prefeito de São Paulo, João Doria, como os únicos em condições de competir com o ex-presidente Lula. Como o senhor avalia esses resultados? O fato de o senhor estar estanque nos 5% das intenções de votos hoje pode ser motivo suficiente de o PDT desistir de lançar o seu nome?

Sei bastante bem com minha experiência o que isso significa. Uma pessoa que pensa o que eu penso, que fala o que eu falo, que tem os conflitos que eu tenho ao longo de uma vida de 37 anos de experiência... Não tenho sequer um inquérito para ser absolvido e isso não é nada mais que uma obrigação, mas nesses tempos horríveis que o Brasil está vivendo é um adicional de atributos que o país está procurando. Essas pesquisas, com a experiência que tenho, não representam absolutamente nada, a não ser o retrato desse momento. E esse retrato é o de um povo machucado, 14,3 milhões de desempregados, quase 9 milhões de brasileiros empurrados para a informalidade, para o biscate, o trabalho na rua. A política para essas pessoas é um ruído, associado com esse escândalo de corrupção e, na hora própria, isso vai se alterar profundamente. Isso não quer dizer que eu inverta as coisas, mas isso tudo é provisório.

E quando é a hora própria quando a gente pode começar a considerar as pesquisas, de fato?

No Brasil, quando você começa a colocar na prateleira as alternativas concretas, reais e suas personas políticas, seus acompanhamentos e seus signos. O que que representa A, B, C ou D... Você vai ver claramente que isso só vai acontecer lá para julho de 2018. Hoje, por exemplo, se você fizer uma pesquisa espontânea, que você não induz as pessoas a repetirem o nome mais conhecido, o nome mais comentado presentemente, você vai ver que está todo mundo ali meio que japonês.

Mas tem algo que pesa contra o senhor que é a rejeição. Pesquisa recente, divulgada essa semana, colocou o senhor com 56% de rejeição. O senhor se considera um adversário de si mesmo?

Não, não. Hoje você deveria ler as pesquisas com uma mistura de notoriedade, ou seja, de nível de conhecimento, menção espontânea, que é preferência, e rejeição espontânea, que é aquela que conhece, mas não aceita. Evidentemente, a minha rejeição nesse momento é que eu não sou conhecido. Não estou no elenco de opções das pessoas, apesar de estar na estrada há tanto tempo e de ter sido candidato.

O senhor atribui a rejeição à fama de destemperado?

Eu deveria merecer. Mas sou atacado não pelo que falo eventualmente de sangue quente. Eu realmente sou uma pessoa indignada. Na verdade, é uma coisa que se faz para desqualificar o que digo de sangue frio. Eu vivo contando aos brasileiros com números aquilo que é uma grande perversão do nosso país: o estado nacional brasileiro está montado como mecanismo de transferência de renda de quem trabalha e produz para quem especula. Só que os especuladores são 10.000 famílias abastadas do país que controlam a grande mídia, que controlam os financiamentos das campanhas, as mediações tradicionais do país.

O senhor acha que essas posições mais à esquerda repercutem ou soam de forma diferente para quem compartilha dessas ideias? Minha pergunta é: quem é de direita ou mais conservador, tolera determinadas coisas, por exemplo, o Bolsonaro, e quem é de esquerda tem um pouco mais de resistência?

Com certeza. Eu sou considerado um comunista para a direita e sou considerado um direitista para a esquerda. Ou seja, estou na posição correta.

O que o senhor é? Como o senhor se define?

Sou um socialista democrático em permanente revisão. No Brasil, até os adjetivos esquerda e direita são mal versados. Se você olhar, por exemplo, a economia política do PT, dos 13 anos Lula-Dilma, foi extremamente conservadora. Evidentemente com políticas sociais compensatórias de largo alcance que não estavam previstas no Consenso de Washington ou no Tatcherismo. No Brasil tem essa peculiaridade, é uma política social compensatória aquilo que qualifica a solidariedade aos mais pobres.

Se eu entendi direito, o senhor acha que o Estado tem um papel importante a cumprir, principalmente para fazer justiça social. Mas do ponto de vista da moral e dos costumes, o senhor tem posições claras sobre aborto, união homoafetiva...

É claro. A gente precisa aprender no século 21 a ser tolerante, a respeitar a diversidade, a respeitar as diferenças. E o chefe de Estado tem que dar exemplo disso. Evidentemente não tem que ser candidato a guru de costumes. Eu respeito a sociedade brasileira como ela é. Temos uma igreja católica que é extremamente solidária com os pobres, mas extremamente cripto-conservadora nesses termos de costumes. O chefe de Estado tem que entender isso, tem que compreender e respeitar isso. Mas, evidentemente, ninguém vai contar com minha opinião para estigmatizar seja quem for diferente, seja por qual razão.

Se o senhor tiver que se definir: união homoafetiva, a favor ou contra?

Eu pessoalmente já tenho uma opinião disso publicada em todas as áreas e a ideia é ser tolerante. Respeito a tolerância e a diferença, respeito todas as formas de amor. Acho que a mulher tem direito ao respeito a seu próprio corpo. O aborto é uma tragédia humana, social, mas, antes de tudo, é uma tragédia de saúde pública. As ricas fazem [aborto] na hora que querem nas clínicas clandestinas, sem problemas, e as pobres estão morrendo. Tenho certeza que se o Estado acolhesse, aconselhasse, oferecesse uma adoção, se fizesse a mediação dos traumas familiares que as adolescentes experimentam ao se verem grávidas sem planejar, a quantidade de abortos cairia profundamente.

Retomando o que o senhor disse, que é um comunista para a direita e um conservador para a esquerda, o senhor acha que o seu desempenho por ora nas pesquisas pode estar relacionado ao fato de ter passado por vários partidos? As pessoas têm um pouco de dificuldade de identificar o senhor...

Em absoluto, se tem um político que tem uma linha de vida coerente, sou eu. Agora, de novo, como não podem dizer que sou um imoral, envolvido em corrupção, num escândalo, seja qual for. Como não se pode dizer que não fui um governante eficiente. Fui o mais popular, o melhor aprovado prefeito das capitais ao meu tempo. Quando ministro da Fazenda, administrei a economia brasileira e entreguei com inflação zero, praticamente com pleno emprego. Tem que se inventar um estigma qualquer...

Mas lhe falta identidade partidária?

Falta a todos os políticos brasileiros, a 100% deles.

Ao Lula também, por exemplo?

Absolutamente. Olhe o que o Lula dizia, o que pensava e o que o PT representava antes do poder e o que é hoje. Veja a enorme distância entre uma coisa e outra. Veja o que o PSDB representava, quando nós fundamos o PSDB, e veja o que é hoje. Só mudo de partido para me manter coerente com minha linha de raciocínio, princípios, minha integridade moral e com meus compromissos ideológicos. Veja como os critérios são diferentes. Pergunto qual político, tirando aqueles que não fizeram seu próprio partido como o Lula, que fez sua própria central sindical, qual o político brasileiro não mudou de partido nos últimos 20 anos? Nenhum. A Marina esteve em três partidos nos últimos três anos.

O senhor já passou por 7 partidos. Sete é muito.

Mas eu tenho 37 anos de vida pública.

Vamos dividir 37 por 7...

Não é essa a questão não. Já fui incoerente alguma vez na vida? Veja uma opinião minha dita há 25 anos e compara com hoje.

Falando em incoerência. Numa entrevista, em maio do ano passado, na qual lhe perguntaram se queria ser candidato e se o senhor concorreria contra o Lula, o senhor disse que se o 'Lula for, melhor ainda'. Em entrevistas mais recentes, percebi que o senhor tem adotado uma outra posição. O senhor mudou de ideia do ano passado pra cá?

Não. Se você reparar, é a mesma. Os fatos são complexos. Enquanto isso, uma certa imprensa nacional brasileira gosta muito de resumo e explicitações maniqueístas. Às vezes pago um pouco por isso. Não faz mal, estou acostumado. Eu só dependo de uma circunstância para ser candidato ou não: o PDT, o meu partido, decidir que eu sou. Dito isso, tenho dito que não gostaria de ser candidato se o Lula for. Por quê? Não é propriamente uma homenagem a ele, é porque na hora em que for candidato, ele racha o país em bases odientas, rancorosas, violentas, como nós estamos assistindo aos lulistas e antilulistas. E o país não tem ambiente para discutir seu futuro. O Brasil precisa desesperadamente de um projeto novo, de novas práticas, de experimentar novas premissas do jogo político. Desesperadamente, precisamos disso.

Desculpa insistir com o senhor, mas o senhor falou claramente: se for com o Lula, melhor ainda...

Às vezes você diz isso no calor da emoção. Mas eu estou dizendo a você que eu tenho me preparado para ser presidente do Brasil. Correndo o risco de ser mal compreendido, eu duvido que alguém tenha treinado mais do que eu, tenha se qualificado mais do que eu ou conheça mais do que eu as alternativas para o país. Mas isso é minha presunção. O povo brasileiro está hoje induzido por essa novela moralista, explosiva, em tempo nobre da televisão, a olhar o mundo pelo filtro do lulismo e do antilulismo. Isso acaba com o país.

Falando nesse escândalo que está desde 2014 no noticiário, o senhor já foi professor de direito constitucional. O senhor acha que há tempo hábil para condenar o Lula em segunda instância e tirá-lo do jogo eleitoral?

Nenhuma chance. Nem seria justo que acontecesse. Pelos tempos processuais brasileiros. Veja que o Lula está acusado em cinco processos e em nenhum deles ele foi julgado em primeira instância ainda. Não é provável. Nesse processo em que ele depôs recentemente, ele tem 86 testemunhas para serem ouvidas. Demora bastante.

Como o senhor avaliou o depoimento dele em Curitiba, ao juiz Sergio Moro? E o juiz?

Ele é um campeão da psicologia popular e o Moro um garoto. Não duvido que tenha boa fé, boa intenção. Esse negócio de aplauso demais e juventude acabam deformando demais as pessoas. Eu sei bem o que estou falando. O Lula trouxe o Moro para o campo dele, onde ele reina. O Moro seria um rei se fosse um juiz, um juiz severo, restrito aos autos, às leis, aos códigos. Aí ele seria absolutamente imbatível, mas não... Ele preferiu trocar ideias com o Lula, aceitar ser visualizado em capas de revista como antagônico. Onde o juiz é antagônico, ele já perdeu. O juiz só merece respeito e acatamento se ele for um magistrado, se ele for a terceira parte, isenta, obediente à lei, severo na presunção da inocência dos acusados, garantidor da ampla defesa, do contraditório, e justo na hora de afirmar a sentença. Ele (Lula) arrastou o Moro para a política.

O senhor acha que o Moro sucumbiu?

Sucumbiu completamente. Se ele condenar o Lula, todos os simpatizantes do Lula e nós outros que observamos o direito do ponto de vista profissional, acharemos injusto. A questão básica é a seguinte: como é que as capas das revistas nacionais põem num ringue um réu contra o juiz, isso já matou o juiz. O juiz não pode lutar, ele observa a luta, sentado numa cadeira, fora. O antagônico não pode ser o juiz. A direita brasileira é basicamente imbecil. Faz isso, acabou.

Mas o senhor acha que o Sergio Moro tinha como se afastar disso?

Claro, bastava que ele fosse um juiz. Parar de usar gravatinha borboleta, de circular por aí afora onde há holofotes, confraternizando com potenciais réus aos risos, isso não é juiz.

Os depoimentos mais recentes da Lava Jato têm citado diretamente o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma. O fato de a mulher do marqueteiro João Santana dizer que era informada dos avanços da Lava Jato por meio de mensagens cifradas numa conta de e-mail que elas compartilhavam, muda a imagem que o senhor tem da Dilma?

Não. Delação premiada é um instituto muito precário da forma como está prevista na lei. A gente copiou uma lei dos Estados Unidos, aliás no governo da Dilma. A delação premiada não vale nada até determinação concreta de outra prova. Está explícito na lei que ninguém pode ser condenado tendo como única razão a delação premiada. Só no nosso país, nesse momento fasci-histórico em que estamos vivendo, é que um delator parece ter palavra da lei, palavra definitiva. Isso arrebenta com princípios universais como a presunção de inocência e a garantia da ampla defesa e do contraditório.

O senhor está dizendo que as pessoas estão sendo forçadas a incriminar Dilma e Lula?

Não estou dizendo isso. Estou dizendo que a prisão provisória no Brasil está sendo abusada. Você manter uma pessoa no cárcere sem trânsito em julgado e oferecer diariamente, ou 'madrugadamente', para fazer uma brincadeira... o meganha acordar você de madrugada na cela e oferecer uma determinada situação se você assinar a delação.

Isso está acontecendo?

Está acontecendo nos cárceres de Curitiba.

Aconteceu com quem?

Tem acontecido. Já ouvimos denúncia disso muitas vezes.

O senhor chegou a conversar com o presidente Lula sobre sucessão, sobre Lava Jato?

A última vez em que nos encontramos, apesar de eu estar muito entristecido, porque a dona Marisa era também uma amiga pessoal. Eu estive no hospital antes de ela morrer e depois fui ao enterro. Nas duas ocasiões, o Lula quis falar de política. Eu disse: "Rapaz, deixa isso pra outra hora". E de Lava Jato também, muito zangado, muito aborrecido, se sentindo perseguido e tal.

O senhor recentemente disse que não queria ser vice de ninguém, mas nem do Lula, ou principalmente do Lula?

Principalmente do Lula. Não há menor chance. Eu não concordo com a visão dele. Acho que nesse momento a candidatura dele desserve ao país e desserve a ele próprio. É evidente, para que amanhã não haja uma contradição no que eu estou dizendo, que na eleição você vota no que você quer, mas também naquilo que você nega. Então, eu no primeiro turno serei candidato, se o meu partido quiser, e no segundo turno, se eu não estiver presente, vou votar naquele que me parecer vizinho às minhas ideias e convicções.

O senhor ainda acha que o Lula brincou de Deus e que ele é o grande responsável por tudo o que está acontecendo?

Sem dúvida! O grande responsável por este momento político trágico que o Brasil está vivendo é o Lula, porque foi ele quem botou o Michel Temer na linha de sucessão. Ele que emponderou esse lado podre do PMDB, entregando, por exemplo, Furnas, e as "burras" de dinheiro de Furnas pro seu Eduardo Cunha subornar parlamentares e virar presidente da Câmara. Isso eu fui dizendo pra ele muitas vezes durante o processo todo. Por exemplo, quando circulou a notícia de que seria dada Furnas pra ele, eu fui ao Lula pessoalmente. Abri a biografia do Eduardo Cunha como ladrão, ladrão da Telerj, ladrão da Cedae, ladrão do fundo de pensão da Companhia Habitacional do Rio de Janeiro. E ele me disse categoricamente que estava sendo chantageado e que não daria, e no dia seguinte nomeou.

Ele disse que estava sendo chantageado?

Isso. Mas que não daria Furnas, e deu.

Vamos pensar num cenário com o senhor como presidente. O senhor já disse que o PMDB seria automaticamente afastado para a oposição...

O primeiro indício de que o meu governo fará história é que o PMDB será, pela primeira vez na história, oposição. E eu vou partir para destruir isso.

Como é que isso pode ser possível? Porque ninguém nunca conseguiu governar sem o PMDB. O Lula começa sem, mas já em 2003...

Ninguém conseguiu governar? Não é verdade não. O Itamar Franco governou sem essa escória. E eu servi a esse grande brasileiro como seu ministro. E um exemplo prático: Quando o Hargreaves (Henrique Hargreaves, ministro da Casa Civil de Itamar Franco) foi acusado de corrupção, Itamar o afastou, apesar de ser homem de confiança estrita dele, mandou apurar preventivamente e depois desagravou o Hargreaves e voltou. E essa é a chave. No Brasil, já que o PT e o PSDB impuseram micro projetos de poder, se você tiver um projeto de nação, tem que conseguir comunicar as bases desse projeto ao conjunto da sociedade. Aí o nível de chantagem a que você se obriga a se submeter será muito reduzido.

Mas ainda assim, da forma como o modelo brasileiro está estruturado, o presidente é muito dependente do Congresso, quase refém.

Ótimo que seja. O presidente não deve ser dono da bola, nem dono da verdade. Ele deve negociar com a sociedade, deve negociar com sua representação legítima. Eu não tenho nenhuma dificuldade nisso. Eu fui deputado estadual duas vezes, fui deputado federal, eu tenho muita experiência. Então o problema não é negociar, é em que linguagem você negocia. Quais são os limites de ética, de projeto e de valores com os quais você transige e aqueles em que você passa a linha e daí é para trás. E o Brasil não pode mais transigir pois está demonstrado que não dá em nada. Aliás, o Fernando Henrique perdeu a eleição para o Lula e a Dilma acabou com a democracia brasileira. Ambos caíram, ambos os projetos ruíram em desmoralização. Olha aí o que resta do PSDB. Ainda vai se defender que esse é o modelo? Só uma elite estúpida como a nossa.

O senhor acha que o PMDB é responsável por essa degradação?

Não, o PMDB não. O PMDB apenas representa, na sua maioria, porque tem muita gente boa lá também, no [plano] simbólico, uma escória que hoje é hegemônica na política brasileira. Mas isso também inferniza muitos outros partidos.

Mas perturba também quem está ocupando a cadeira no Palácio do Planalto.

Mas isso é porque se entregou, ao longo dos últimos 20 anos, o poder a essa gente, poder central. Quem era o líder do governo Fernando Henrique no Senado?

Romero Jucá.

O Romero Jucá foi líder no governo Lula e no governo Dilma. Então como é que pode? Está certo isso? Olha o que está acontecendo com o nosso país. Tem que mudar.

Mas é justamente por isso que eu pergunto. Eles não conseguiram se livrar do PMDB.

Não conseguiram, não. Eles quiseram subornar políticos para ter mais tempo de televisão e quiseram amordaçar as possibilidades de CPI. Essas são as duas únicas razões pelas quais se montou essa máquina de podridão no país, que está sangrando o Brasil. E não deu certo. Se tivesse dado certo, OK. É uma sabedoria, é uma transigência, uma concessão que se faz ao realismo político. Eu sou do ramo. Eu não sou uma mocinha que chegou ontem ao bar. Eu conheço tudo isso aí. Mas isso é mentira. Isso é a ciência do fracasso. É o oposto.

Será possível um dia?

Para sua geração é difícil. Mas repare, eu fui governador do Ceará, fui prefeito, tinha cinco vereadores em 41, o meu partido tinha. Governei praticamente com unanimidade. Então eu conheço o ramo. Agora se você fizer uma negociação correta... No caso brasileiro, as grandes mediações passam pelo pacto federativo, pelos governadores dos Estados. Se você fizer uma negociação ao redor de qualidade de teses. Você já na campanha deve comover as pessoas a votar em aliados seus. Aliás é o que tem acontecido no Brasil. Porque senão nós ficaríamos na seguinte pergunta irrespondível: Qual foi a reforma que o Fernando Henrique propôs e que este Congresso não deixou passar? Nenhuma! Qual foi a grande reforma do Lula que o Congresso não deixou passar? Nenhuma!

É, mas a reforma da Previdência passou com o Mensalão, por exemplo.

Sim, mas é por quê? É como eu estou tentando demonstrar. Os interesses reais não estão ali. Então você tem hoje um interesse real no Brasil que é plutocrata. É o baronato comandando sem legitimidade nenhuma. Mas a grande pergunta é como é que um deputado vota contra os interesses da classe trabalhadora assim tão despudoramente? É a presunção de que o povo é idiota. E eles vão ver que o povo não é. Eu vou lhe dizer, a reforma da Previdência como está não passa. Assim como está, não passa. Não passa. Passou na comissão porque ela é escolhida a dedo. Mas no Congresso não passa, como está. Eles vão descaracterizar, vão tentar livrar a cara, mas não passa. Nós já ganhamos essa parada com a greve geral.

Falando em personagens de peso e no Congresso, vamos falar sobre o deputado Jair Bolsonaro. Ele tem crescido, tem se destacado e ganhado uma visibilidade que nunca teve e ele está na Câmara há muitos anos. O senhor já chamou o Bolsonaro de tosco e disse que ele é franco. Também disse que ele ocupa uma função tática porque ele atrai parte daqueles que estavam alinhados com o PSDB. O senhor acha que quem verbaliza sem pudor uma posição extrema, controversa, é bom ou ruim?

Para o país? É bom, claro. Sou um democrata visceral, de raiz. E fato ou não, há no Brasil um conjunto de pessoas — rapazes normalmente com um grave problema afetivo em casa, com crise de autoridade com o pai ausente — que precisa se expressar, categorias que inferiorizem os outros para que eles não se sintam tão nada. Eu entendo isso com meu coração. O Jair representa isso. Ele fala com franqueza, com um certo caráter tosco, essas coisas. Ele cumpre um papel, na minha opinião, importante, porque ele aclara, ele tira o véu. E, basicamente, ele dá uma parada técnica, um pit stop, para esse eleitorado conservador que votava por antipetismo visceral no PSDB e que percebeu que o PSDB é uma grande fraude.

Há quem diga que o senhor mede um pouco as palavras para falar do Bolsonaro.

Eu meço primeiro e vou te explicar porquê. Primeiro, por isso que acabei de te dizer e segundo, porque ele votou em mim na eleição de 2002.

O senhor tem medo de bater nele?

Eu tenho medo de quê, mulher? Eu tenho coragem de mamar em onça. A guerra entre a turma dele e a minha na internet é uma coisa selvagem. Mas eu não. Tu achas que vou me preocupar com isso? Estou preocupado é com o Brasil.

Já o Doria... o senhor tem uma posição bem diferente em relação a ele.

Porque esse é um farsante, perigoso. Certa elite brasileira, desencantada com a podridão do PSDB oficial, está embalando um novo Collor. É um farsante, perigoso para o país.

Por que o senhor acha que ele é um farsante?

Ele é um cara que encheu a burra de ganhar dinheiro com lobby. Como o cara é milionário e não tem uma roça, não tem um comércio, nunca produziu um parafuso? É uma fortuna, rodando de jatinho por aí afora. De onde veio esse dinheiro? Eu sei, lobby.

Lobby do bem ou lobby do mal?

Lobby puro e mal. Lobby de dinheiro público. Dinheiro dos cofres públicos de cofres públicos do PSDB, dos governos controlados pelo PSDB de São Paulo, Minas Gerais e muitos outros. Esses piqueniques todos são negócios de aproximação de empresário e de político, que é a arte dele. Ele foi presidente da Embratur e eu era prefeito de Fortaleza. Agora vem se apresentar de não-político? É um farsante.

Essa mesma relação perniciosa que a gente vê com as empresas investigadas pela Lava Jato?

Rigorosamente a mesma coisa. É o velho patrimonialismo brasileiro. Na Embratur, ele contratou empresa de eventos. A turma do PSDB adora roubar assim. Aí o PT aprendeu e começou a roubar também. Essas coisas de eventos, cursos de capacitação, pega-se bilhões de reais.

Falando em PMDB, vamos falar um pouquinho de Michel Temer, que o senhor definiu como um chefe de governo de patetas.

Estou na dúvida se é quadrilha, pateta ou outra coisa pior. Quadrilha é muito grave, pateta é tão grave quanto. Por que pateta? O Brasil toma uma traulitada num produto de exportação relevantíssimo, que emprega 700 mil pessoas no setor de proteínas animais e o cidadão convoca às pressas os embaixadores dos principais (países) importadores para comer numa churrascaria onde só vende carne importada. O camarada chama a imprensa nacional e internacional para fazer uma fala em homenagem ao dia internacional das mulheres e ele diz que as mulheres são quem melhor sabem escolher preço em supermercado. Isso é uma patetada. Agora ele convocou as Forças Armadas norte-americanas, violando uma tradição de 300 anos, salvo na II Guerra Mundial, para fazer manobras conjuntas com as forças brasileiras, na Amazônia e na fronteira com Venezuela. Isso é muito grave. A quem interessa isso? Aí veja, eu tenho que ser destemperado... Alguém tem que matar o carteiro porque ninguém está falando nada.

Sobre Temer, Ciro afirmou: "O camarada chama a imprensa nacional e internacional para fazer uma fala em homenagem ao dia internacional das mulheres e ele diz que as mulheres são quem melhor sabem escolher preço em supermercado. Isso é uma patetada" Getty Images

O senhor também já teve alguns momentos controversos, por exemplo...

Eu falo cinco horas por dia, todo dia, há 30 anos. Se eu tenho cinco, sete momentos controversos, quem não tem?

O senhor falou da infeliz frase do Temer em relação ao dia da Mulher e eu me lembrei, automaticamente, de quando perguntaram da Patrícia Pilar para o senhor.

Você nunca viu eu falando isso na vida.

Inventaram aquela frase?

Editaram claramente e foi a Globo. O que importa é a versão da Globo, não a realidade. Inventaram agora esse negócio de pós-verdade. Eu chamo de mentira. Um psiquiatra americano, contratado pela campanha do José Serra, sugeriu que minha vaidade se feriria se as pessoas insistissem que a Patrícia Pillar tinha uma relevância central na minha persona politica. Era o amor da minha vida, minha conselheira, e minha companheira de tudo. E foi isso que disse. Aí, ferido, 150 vezes após a mesma pergunta, sempre pela Globo, eu disse a bobagem. Disse ela é minha mulher, minha parceira, minha tudo e, além do mais... aí falei a bobagem. Nunca mais ninguém esqueceu. Eu não tenho um inquérito. Tinha direito a três pensões vitalícias que me dariam R$ 86 mil. Sou o único político brasileiro que não aceita receber nenhuma. Isso nunca foi comunicado ao povo brasileiro. Estou em Londres, falando à BBC Brasil, e de que você lembra? Você não citou que eu não recebo pensão.

Não citei que o senhor não recebe pensão, mas lembrei que o senhor teve um inquérito da farra das passagens aéreas na Câmara.

Não. Nunca respondi a nenhum inquérito na vida.

Mas abriram uma investigação, não?

Sim. Eu dei uma boa esculhambada. Eu viajei com para os Estados Unidos com minha mãe. Eu paguei minha passagem e ela a dela. E a TAM trocou. E depois soltou uma nota oficial se responsabilizando. Mas nunca respondi a inquérito nenhum. Veja sua pesquisa. Abri mão das pensões de R$ 86 mil.

E o senhor vive de que hoje?

Faço palestra. Sou advogado, tenho um escritório de advocacia. Trabalho para uma universidade como consultor.

Voltando aos assuntos dos inquéritos. O senhor como secretário de Saúde do Ceará, foi denunciado pelo Ministério Público envolvendo terceirização. O que aconteceu? O juiz não acatou. A denúncia morreu, foi arquivada?

Sim, claro. Nunca respondi a um inquérito, nenhunzinho, sequer para ser absolvido. Assumi a secretaria de Saúde do Ceará porque meu irmão (ex-governador Cid Gomes) havia construído 20 UPAs que estavam sem funcionar, dois hospitais que estavam sem funcionar, 150 ambulâncias da SAMU prontas, sem funcionar, e ele pediu para eu colocar aquilo em ordem porque o Ministério Público não deixava e os médicos estavam com medo. Eu fui lá e fiz. Tudo isso passou a funcionar do dia para a noite. Aí um babaca lá, desses que infernizam a vida brasileira, resolveu fazer isso (apresentar a denúncia). E aí? Qual é a malversação? Criei uma cooperativa de socorristas e coloquei a SAMU para funcionar em todos os municípios do Ceará. Salvei milhares de vidas e estou orgulhoso disso. Denúncia arquivada.

Tem uma investigação antiga rolando, na qual o senhor teria contratado uma empresa de inteligência...

Você foi ler isso na Folha de S.Paulo, que simplesmente inverteu.

O senhor diz isso porque foi hackeado, correto? Explica essa história para entendermos o que aconteceu.

É simples. Lá na paróquia, no meu Ceará, um grupo de canalhas hackeou meu computador e começou a replicar meus e-mails ou falar coisas que tinham como premissa informações privadas minhas, de e-mail. Eu não tenho segredos. Acessaram de fato. Eu representei na polícia. A polícia fez uma perícia, uma investigação, e descobriu todo mundo. E isso está lá, rolando o processo. E a Folha simplesmente inverte.

E a suposta suspeita de que o senhor teria contratado a Kroll é infundada?

Nunca aconteceu comigo. A acusação foi contra meu irmão. Não foi comigo. Trocaram Ciro por Cid.

Isso é muito comum? Atribuir suspeitas contra o senhor relacionadas ao seu irmão?

Não, meu irmão também é limpo. Lá em casa a gente toca de ouvido de olho fechado.

O senhor acha que a ex-presidente Dilma, do ponto de vista econômico, errou ainda mais?

Foi um desastre completo indo e voltando. Quando deu-se o desfinanciamento desse nível de consumo eles reagiram como se fosse a crise de 2008, quando os preços das commodities estavam lá em cima. O Brasil não teve tanto problema porque bastava enfrentar o colapso do crédito internacional com nossos bancos, o BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, com alguma renúncia fiscal. Era claramente uma boa resposta. Só que dessa vez (com Dilma), o problema foi o desfinanciamento estratégico do país, que tem um padrão de consumo importado, que apresenta déficits gigantescos e que eram mascarados como boom de commodities. Quando as commodities caíram foram fazer renúncia fiscal e foram arrebentando o país. É inacreditável. E para resolver o problema chamaram o Levy, que é quinto nível e em experiência anterior no serviço público quebrou o Rio de Janeiro, para ser o ministro da Fazenda do Brasil. Dá vontade de rir para não chorar. Na maior depressão da história, coloca a maior taxa de juro na história.

O senhor veio a Londres para participar de uma mesa com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o ex-ministro Jaques Wagner. Tem verdades a serem ditas tanto ao PT e o DEM?

Claro. Não vim para conversar com eles, vim para conversar com estudantes brasileiros e com os acadêmicos britânicos que têm curiosidade sobre o Brasil. E vou dar um depoimento que representa minha experiência. Vou demonstrar a estupidez retórica e a manipulação de valores falsos por essa história de presidencialismo de coalizão. Atributam ao Congresso os problemas do Brasil, mas os problemas do Brasil são do Executivo. Falta de imaginação, de projeto, falta de seriedade, esses sim são os problemas.

E com a sociedade civil?

Essa é essencial. Sem a sociedade envolvida, cúmplice, não vamos resolver esse conflito distributivos. Brinco sempre: toda vez que você olhar um tatu em cima de um toco, pode apostar que alguém botou porque tatu não sobe em toco. Então tudo que está errado não está assim porque tinha um manual de fazer certo, está errado para atender a interesses minoritários, organizados e informados, que constrangem a grande mídia e que formam a opinião das pessoas.Paulista de nascimento e cearense de criação, Ciro Gomes já foi prefeito, deputado estadual, deputado federal, governador e ministro dos governos Itamar Franco e Lula. Hoje ele enche a boca para dizer que tem 37 anos de vida pública e é a pessoa mais preparada para ser presidente do Brasil.

Agências da periferia de SP têm maior procura pelo saque do FGTS inativo

Posted: 13 May 2017 05:31 PM PDT

Agências da região central da cidade estavam sem filas Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A exemplo das duas etapas anteriores, os bairros mais afastados da capital paulista tiveram o maior movimento de trabalhadores em busca de informações sobre o saque das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). As agências Caixa Econômica Federal abriram às 9h, mas em várias unidades muita gente chegou antes para evitar fila. O plantão terminou às 15h.

As agências da Caixa vão abrir mais cedo na próxima segunda (15) e terça-feiras (16). Para as agências que já abrem rotineiramente às 9h, o atendimento se estenderá das 8h até uma hora a mais do que o normal. Já as demais cidades vão contar com bancos abertos duas horas mais cedo nestes três dias.

Nesta etapa, a terceira, podem sacar o recurso os trabalhadores nascidos nos meses de junho, julho e agosto. Mais de 2,5 milhões de pessoas têm o direito ao benefício no estado de São Paulo, somando algo em torno de R$ 4,7 bilhões.

Plantão

Das 743 unidades com plantão neste sábado em todo o estado, 370 funcionaram na Grande São Paulo, sendo 245 na capital paulista.

As agências da Avenida Paulista e da Praça da Sé estavam, praticamente, vazias, no início da tarde. A procura foi maior pela manhã. Na Vila Leopoldina, as agências da Avenida Gastão Vidigal e rua Shilling, na zona oeste, mantiveram um movimento constante com uma espera de cerca de meia hora.

Para sacar o benefício, o trabalhador precisa apresentar carteira de trabalho e de identidade.

Apesar de ter ido à agência portando a carteira de trabalho, o vendedor Danilo Duarte, 28 anos, não conseguiu sacar, pois o documento estava sem foto. "Ontem [12], fui na agência da Pedroso de Moraes [rua localizada em Pinheiros, zona oeste], mas como minha carteira estava sem foto não pude sacar e hoje vim aqui na Gastão Vidigal para sanar dúvidas", contou.

A agente de viagens Fernanda Furlan, de 38 anos, sacou o FGTS inativo e disse que irá usar o valor para custear uma viagem internacional. "Agora, vou realizar meu plano de fazer uma viagem, não a trabalho, mas de lazer, possivelmente, para fora do país", disse.

Para aproximadamente 3 milhões de pessoas, os valores serão depositados automaticamente em suas contas da Caixa, desta forma, não precisam ir à agência para sacar. Os trabalhadores que têm o Cartão do Cidadão e direito a receber até R$ 3 mil poderão ter acesso aos valores também por meio de lotéricas, caixas eletrônicos e correspondentes Caixa Aqui.

Para o trabalhador que for resgatar contas com saldos superiores a R$ 3 mil, é recomendado que compareça ao banco portando documento de identificação, Carteira de Trabalho ou alguma comprovação de rescisão do contrato. Já para os valores acima de R$ 10 mil é obrigatória a apresentação desses documentos.

Quem pode sacar

Pode fazer o saque quem teve contratos de trabalho encerrados até 31 de dezembro de 2015. O pagamento das 49,6 milhões de contas inativas tem seguido um calendário específico, que leva em conta o mês de aniversário do trabalhador. No mês que vem, poderão fazer o saque os nascidos em setembro, outubro e novembro. O mesmo ocorrerá a partir de julho, quando quem nasceu em dezembro poderá sacar.

Independentemente das próximas datas, e dos lotes anteriores, a data-limite para saque de todos os trabalhadores é o dia 31 de julho, de acordo com a Caixa.

Direito ao saque

O trabalhador que ainda não sabe se tem dinheiro a receber pode acessar o site sobre as contas inativas. Lá, ele pode verificar o valor a receber, a data do saque e os canais disponíveis para pagamento.

Ao todo, 30,2 milhões de trabalhadores serão contemplados durante o calendário e devem resgatar pouco mais de R$ 43 bilhões, segundo estimativas do governo.

Mega-Sena acumula e pode pagar R$ 24 milhões na próxima quarta (17)

Posted: 13 May 2017 05:18 PM PDT

Apostadores poderão tentar a sorte para o sorteiro de quarta (17) Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Ninguém acertou as seis dezenas de Mega-Sena. O prêmio do sorteio 1930, realizado neste sábado (13) em Lucas do Rio Verde (MT), acumulou e pode pagar mais de R$ 24 milhões na próxima quarta-feira (17).

Os números sorteados foram: 04-17-18-37-52-56.

Cinquenta apostadores cravaram as dezenas da quina. Cada um deles vai receber R$ 41.471,66. A quadra teve 4.712 ganhadores, que vão levar, cada, R$ 628,66.

Para concorrer ao prêmio de R$ 24 milhões na próxima quarta-feira (17), basta ir a uma casa lotérica e marcar de 6 a 15 números do volante, podendo deixar que o sistema escolha os números para você (Surpresinha) e/ou concorrer com a mesma aposta por 2, 4 ou 8 concursos consecutivos (Teimosinha).

Cada jogo de seis números custa R$ 3,50. Quanto mais números marcar, maior o preço da aposta e maiores as chances de faturar o prêmio mais cobiçado do País.

Outra opção é o Bolão Caixa, que permite ao apostador fazer apostas em grupo. Basta preencher o campo próprio no volante ou solicitar ao atendente da lotérica. Você também pode comprar cotas de bolões organizados pelas lotéricas.

Nesse caso, poderá ser cobrada uma Tarifa de Serviço adicional de até 35% do valor da cota. Na Mega-Sena, os bolões têm preço mínimo de R$ 10. Porém, cada cota não pode ser inferior a R$ 4. É possível realizar um bolão de no mínimo 2 e no máximo 100 cotas.

Não quero sair do país, quero morar em outro Brasil, diz bilionário dono da Natura e ex-candidato a vice em 2010

Posted: 13 May 2017 04:06 PM PDT

Guilherme Leal foi candidato a vice-presidente de Marina Silva Arquivo/Agência Brasil

Dono da gigante de cosméticos Natura, o bilionário brasileiro Guilherme Peirão Leal já tinha o nome sacramentado no rol dos empresários mais bem sucedidos do país, quando, em 2010, decidiu lançar-se candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva — da qual foi um dos principais patrocinadores, chegando a investir milhões de recursos do próprio bolso.

Em entrevista à BBC Brasil, Leal diz não se arrepender da incursão política ("Foi uma experiência positiva"), mas deixa transparecer desconforto quanto a revezes da empreitada.

O maior deles aconteceu no ano passado. Ele foi acusado por Léo Pinheiro, dono da empreiteira OAS, de ter pedido contribuição para a campanha de Marina Silva em 2010 via caixa-dois (recursos não contabilizados).

Leal nega veementemente as acusações e afirma ter ficado "profundamente incomodado" com a situação.

"Quando vi meu nome nas primeiras páginas dos jornais, com minha reputação ameaçada por inverdades, fiquei profundamente incomodado", disse. "A política não é um campo fácil de se navegar", opina.

O bilionário dono da Natura diz que não vai mais se candidatar a cargos políticos, porém afirma continuar engajado para mudanças no país.

— Continuo muito envolvido com as transformações aqui. Não quero morar em outro lugar, quero morar em outro Brasil. Obviamente, vivemos um momento muito delicado politicamente. Reconheço as dificuldades, mas não vou desistir do Brasil.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista, realizada durante o primeiro dia do Brazil Forum UK 2017, evento organizado por estudantes e acadêmicos brasileiros no Reino Unido neste sábado.

BBC Brasil: O Sr. diz que deixou a política por "falta de vocação". Quando o Sr. se deu conta disso? Depois das eleições de 2010?
G
uilherme Leal: Sim. Percebi que minha contribuição para a mudança do país, com a qual continuo comprometido, pode se dar de uma maneira mais comprometida fora da política, buscando a conciliação, o desenvolvimento de novas lideranças políticas, um aprofundamento da mudança cultural das empresas, e da própria gestão do terceiro setor. Não me sinto à vontade nos palanques. Foi uma decisão pessoal.

BBC Brasil: Essa decisão pessoal foi influenciada por uma desilusão com a política?
Leal: Não fiquei desiludido. Mas saí absolutamente convencido de que sem política não se muda o país.

BBC Brasil: Como o Sr. avalia a experiência?
Leal: A política não é um campo fácil de se navegar. Obviamente, sabemos e estamos vivendo nos últimos anos no Brasil, a complexidade do nosso sistema político. Considero a experiência muito positiva no sentido de entender melhor o que é esse sistema. Foi um aprendizado importante, pois me deu mecanismos para pensar no desenvolvimento do país. Quero ajudar a transformar o Brasil.

BBC Brasil: Por que o Sr. decidiu se envolver com a política? O que motivou sua candidatura?
Leal: Estávamos discutindo uma nova agenda. É claro que tivemos avanços muito importantes, como a estabilidade constitucional e monetária. Mas tínhamos um grande desafio sobre qual país queríamos ser. Percebi naquele momento que essa discussão não vinha sendo feita pela "velha política". Não se discutia o que queríamos ser. Então, naquele momento, queria passar duas mensagens básicas. Em primeiro lugar, queria ajudar a trazer para o centro da discussão do país o que Brasil queria ser para frente, festejando, celebrando e buscando preservar os avanços passados, mas definindo sua visão de futuro, o que não estava presente. E, em segundo, mostrar de alguma forma, que a política é uma questão de todos nós. Sem a política, o que sobra? A barbárie, a violência e o privilégio dos mais fortes. Foi uma maneira simbólica de dizer que todos deveríamos nos envolver de alguma forma.

BBC Brasil: O Sr. se sente menos esperançoso com o futuro do Brasil hoje do que quando se candidatou?
Leal: Não. Continuo muito envolvido com as transformações do Brasil. Continuo atuando de diversas formas, seja empresarialmente seja do terceiro setor. Não quero morar em outro lugar, quero morar em outro Brasil. Para mim, essa frase é perfeita. Define com perfeição meu sentimento. Obviamente, vivemos um momento muito delicado politicamente. Reconheço as dificuldades, mas não abro mão do Brasil. Não vou desistir do Brasil.

BBC Brasil: O Sr. diz não ter se desiludido com a política. Não ficou nenhum arrependimento?
Leal: Sim. Me arrependo de ter falado com Leo Pinheiro (dono da empreiteira OAS) da maneira mais ortodoxa possível (Leal foi acusado por Pinheiro de ter pedido contribuições via caixa-dois para a campanha de Marina Silva em 2010). Não teria o menor sentido colocar recursos como coloquei, pessoais, numa campanha, e me expor a um risco de adotar as práticas que queria abolir. Isso é inconsequente, não tem lógica. Deveria ter evitado esse contato. Pinheiro me foi apresentado por um companheiro de partido, que intermediou nosso encontro. Minha reputação é o capital que construí ao longo da vida. O capital econômico é bobagem. Quando vi meu nome nas primeiras páginas dos jornais, com minha reputação ameaçada por inverdades, fiquei profundamente incomodado.

BBC Brasil: O Sr. consideraria se candidatar novamente em uma eventual chapa de Marina Silva no ano que vem?
Leal: Não. Em hipótese alguma. Já até falei isso com ela.

BBC Brasil: O Sr. é dono de uma fortuna bilionária. Qual é a sua motivação para continuar a trabalhar?
Leal: Acho que a gente busca sentido para a vida. Quero ajudar a construir uma realidade mais justa. Não dá para dormir tranquilo com tantos problemas no Brasil. Sozinho, não vou resolver nada. Mas meu sono é mais tranquilo sabendo que estou tentando fazer a minha parte.

Pimentel é uma pessoa "escorregadia", diz Mônica Moura

Posted: 13 May 2017 03:16 PM PDT

Fernando Pimentel atuou na campanha de Patrus Ananias (PT) Fernando Frazão/10.05.2016/Agência Brasil

A empresária Mônica Moura disse em delação ao MPF (Ministério Público Federal) que o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), atuava como "chefe informal" e cuidava do orçamento da campanha de Patrus Ananias (PT) à prefeitura de Belo Horizonte em 2012. Segundo a delatora, a campanha de Patrus custou R$ 12 milhões, dos quais R$ 8 milhões foram pagos oficialmente e R$ 4 milhões em "valores por fora".

Mônica disse ter tido muitos problemas para pagar dívidas dessa campanha, sobretudo porque Pimentel era, nas palavras dela, "uma pessoa muito escorregadia". "Foi uma campanha que eu tive muito problema com dinheiro. O Pimentel é uma pessoa muito escorregadia, muito difícil de lidar, ele marcava as coisas comigo e nem sequer aparecia, ele dizia que alguém ia entregar dinheiro para mim e essa pessoa não aparecia, aí eu ficava cheia de problema para resolver", afirmou.

A empresária contou que o orçamento da campanha foi fechado diretamente entre ela e Pimentel, no primeiro encontro que tiveram em Belo Horizonte para tratar dos trabalhos, em junho ou julho de 2012, já bem perto do período do horário eleitoral. Mônica disse que Pimentel falou durante a conversa que, desse total, "tinha que ter um valor por fora". "A parte por fora, o Pimentel disse que ele assumia completamente", afirmou a empresária.

Segundo a delatora, esse primeiro encontro reuniu ela, Pimentel, João Santana, Patrus Ananias, Marcos Coimbra (do Vox Populi) e um assessor de Patrus que ela não lembrava o nome. "Em um determinado momento, Pimentel me chamou para uma sala do lado e conversamos sobre o orçamento, era uma campanha bem pequena, ele (Patrus) tinha dois a três minutos, o adversário (...) tinha um tempo enorme, e nós um tempinho assim ridículo".

A empresária narra que Pimentel "não tinha papel formal, mas atuava como chefe de campanha informal porque era ministro (do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de Dilma Rousseff) e não podia atuar formalmente. Segundo ela, Pimentel ia a Belo Horizonte quase que semanalmente para a campanha, participava de comícios, jantares, reuniões.

A empresária também contou que ela e o marido, o marqueteiro João Santana, só assumiram a campanha de Patrus porque foi um pedido pessoal da então presidente Dilma Rousseff. De acordo com Mônica, eles estavam cheios de trabalho, com muitas campanhas simultâneas. Ela também disse que o lucro da campanha de Patrus foi irrisório e que tiveram que fazer "contratos por dentro" e "contratos por fora" com seus fornecedores.

Mônica relata que, quando a campanha acabou e Patrus perdeu, restou uma dívida de quase R$ 2 milhões, da parte dos R$ 4 milhões por fora. "Quando acabou a campanha, Pimentel evaporou do meu mapa, eu ligava para ele, ele não me atendia", disse. Aí, decidiram, segundo ela, procurar a presidente Dilma, que os mandou procurar Antônio Pallocci, "que Pallocci ia resolver".

"O Pallocci me chamou no escritório dele e me disse que o pessoal da Odebrecht ia pagar a dívida. Eles pagaram em depósito lá fora, junto com a campanha de Haddad (Fernando Haddad, a prefeito de São Paulo em 2012). Eles pagaram mais quase R$ 2 milhões. Essa dívida não ficou por muito tempo, no ano seguinte, acho, que pagaram essa dívida. Mas ela (Odebrecht) só entrou no finalzinho, quando Pallocci entrou". A quitação da dívida foi feita em depósito em uma conta da Shellbill.

R$ 800 mil

Dentre outros fatos ligados à campanha de Patrus, a mulher do marqueteiro João Santana relata em sua delação um episódio no qual ela recebeu de Pimentel R$ 800 mil em uma mala em São Paulo. No entanto, ela precisava desse dinheiro para pagar fornecedores em Belo Horizonte. Com isso, o próprio Pimentel se ofereceu para levar o valor em um jatinho particular até a capital mineira. Então, disse Mônica, o governador levou o dinheiro e entregou a uma funcionária da produtora de Mônica e Santana que atuava na campanha de Patrus.

Etezinho

Mônica ainda disse que Patrus Ananias não tinha conhecimento nem participava dos acertos ligados a orçamento e pagamentos. Ao responder a uma pergunta da procuradora do MPF sobre se Patrus sabia dos pagamentos, principalmente dos irregulares, Mônica disse: "Se você conhecer o Patrus, você vai entender que não, vai ver que não. Ele é quase um um 'etezinho' em relação a essas coisas, ele não se preocupava com nada, ele é um filósofo, uma pessoa que vive nas nuvens, uma pessoa maravilhosa".

Outro lado

Em nota, o deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) informou que todas as doações para a campanha de 2012 "foram recebidas das instâncias partidárias e que todas as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral". "Reafirmo minha posição contrária ao financiamento empresarial a partidos e a campanhas eleitorais", diz a nota de Patrus.

O advogado Eugênio Pacelli, defensor de Pimentel, disse desconhecer os termos da colaboração do casal de marqueteiros. "Não comentamos mais as tentativas exitosas de delatores em se verem livres de suas responsabilidades, por meio de mentiras desprovidas de qualquer elemento de prova. Ministro de Estado conduzindo mala de dinheiro pessoalmente? Não havia ninguém para fazer isso? Francamente", comentou Pacelli.

Mônica Moura: Lula se esforçou em pagar dívidas de Haddad

Posted: 13 May 2017 02:59 PM PDT

Mônica Moura durante delação premiada Reprodução

A empresária Mônica Moura disse ao Ministério Público Federal, em depoimento que integra sua delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, que ouviu do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se empenhou "pessoalmente" em resolver o pagamento via caixa 2 das dívidas da campanha do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo em 2012.

Mônica afirmou que a campanha do petista custou ao todo R$ 50 milhões, dos quais R$ 30 milhões foram pagos de forma oficial pelo PT e R$ 20 milhões por meio de caixa 2. Segundo ela, a parte não contabilizada deveria ter sido paga pelo PT (R$ 5 milhões) e pela Odebrecht (R$ 15 milhões). A empresária disse que a empreiteira pagou sua parte, mas o PT não. A dívida do partido, então, teria sido paga pelo empresário Eike Batista, a pedido do ex-presidente Lula.

"A Odebrecht honrou os compromissos. (...) Ficou mais uma vez pelo PT, que não pagou a parte combinada em dinheiro. Dessa vez, acho que o PT não pagou parte combinada em dinheiro nenhuma. Ficou protelando, protelando, protelando, protelando e não pagou. Recebi, então, na verdade, todo o dinheiro por dentro e todo dinheiro da Odebrecht. E a dívida rolou para 2013", declarou a empresária no depoimento.

Segundo ela, em 2013, Vaccari a chamou e disse que Lula "tinha mandado resolver o problema da dívida". "Então o Vaccari me chama um dia lá no Instituto Lula e diz: o presidente Lula está empenhado em pagar essa dívida. Não se preocupem, porque ele já conseguiu resolver. E que um empresário amigo deles ia pagar essa dívida", conta. O empresário seria Eike e o pagamento teria sido feito por meio de uma transferência de uma empresa dele no Panamá para uma conta do casal na Suíça.

João-Sem-Braço

Mônica contou que, antes de a dívida ser paga, chegou a cobrar Haddad diversas vezes pelo dinheiro, mas o ex-prefeito sempre se esquivava. Segundo ela, Fernando, como costumava chamá-lo, sabia que se tratava de caixa 2. "O Haddad não participava muito. Da negociação, nunca participou. Durante a campanha, como houve muito atraso, a gente falava com ele. Aí eu falava abertamente com ele, que está atrasando. Ficava claro que era dinheiro por fora".

"Ele mandava procurar o Vaccari. Tanto é que depois que acabou a campanha, ele já prefeito, e com essa dívida, não eu, mas Vaccari me dizia: pô, eu converso com o Haddad, e ele faz de conta que não tem a ver com isso. Ele (Vaccari) dizia: pô, ele agora é prefeito, era fácil de ele conseguir alguma empresa que pagasse isso para vocês, mas ele tira o corpo fora como se não fosse com ele. Então, o Haddad meio que fazia, sabe, o João-Sem-Braço", contou a empresária.

No depoimento, Mônica afirmou que o pagamento das dívidas só foi solucionado após João Santana conversar com Lula. "O João dizia para ele que a situação estava dramática, que estava se acumulando dívidas, que estava se criando quase uma central de dívidas com a gente. Tanto é que não achei estranho quando Vaccari me disse que o presidente Lula se empenhou pessoalmente em resolver esse problema e que um empresário amigo dele ia resolver a dívida", disse.

Mente

A defesa do ex-presidente Lula afirmou que ele é inocente. "A Lava Jato investe numa fábrica de delatores para falarem o nome de Lula em troca de vantajosos benefícios. Mas a palavra de delator não tem valor de prova, segundo a lei, ao contrário da palavra de testemunhas", afirmou o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente nos processos da Lava Jato.

Haddad, por sua vez, afirmou que a empresária mente no depoimento. Ele disse que nunca cobrou nenhum recurso além do contratado na campanha de 2012. Segundo ele, os R$ 30 milhões pagos de forma oficial englobavam o primeiro e segundo turno da campanha. "Nunca falou ou propôs qualquer arrecadação via caixa 2 ou qualquer adicional ao que fora combinado". Ele também disse que "jamais foi informado" sobre eventual colaboração da Odebrecht ou de Eike.

Veja a íntegra da nota de Haddad:

"Mônica Moura mente. Nunca cobrou nenhum recurso além do que foi contratado na campanha de 2012, cujo valor de R$ 30 milhões, englobava primeiro e eventual segundo turno. Nunca falou ou propôs qualquer arrecadação via caixa 2, ou qualquer adicional ao que fora combinado. Quanto à eventual colaboração da Odebrecht ou do empresário Eike Batista, isso jamais foi informado. Prova cabal é que a administração, em março de 2013, cancelou obra do túnel da avenida Roberto Marinho, cujo projeto original era de 300 metros e que, na gestão Kassab, havia se transformado em três quilômetros. Obra que, aliás, beneficiava não só a Odebrecht, como praticamente todas as empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Além disso, a Odebrecht, especificamente, teve negada sua pretensão de recompra de títulos emitidos pela Prefeitura, no valor de R$ 420 milhões, por conta de apoio a construção da Arena Corinthians com o objetivo da cidade de São Paulo abrigar a abertura da Copa do Mundo de Futebol, em 2014. Mônica Moura jamais apresentou qualquer documento que justificasse a necessidade de suplementação dos recursos destinados a campanha eleitoral. Como também, em nenhum momento foi autorizada pelo candidato ou pelo tesoureiro da campanha a captar recursos via Caixa 2".

Ex de Marta Suplicy recebia sem trabalhar, diz João Santana

Posted: 13 May 2017 02:28 PM PDT

Marta foi casada com o argentino Luís Favre entre 2003 e 2009 Apu Gomes/Folhapress

O marqueteiro João Santana disse em depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) que o ex-marido da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) Luís Favre recebia sem trabalhar um salário mensal de R$ 20 mil na Polis. Segundo Santana, o emprego foi dado após um pedido de Marta porque Favre não podia nem mesmo "comprar uma bicicleta".

"A gente aceitava para agradar. Não tinha nenhuma utilidade. Ela (Marta) disse que eu não me preocupasse com o custo, que seria compensado com verba extra-oficial", afirmou o marqueteiro em sua delação premiada. A contratação ocorreu em 2008 e foi acertada logo nos primeiros encontros entre Marta e Santana para tratar da campanha à reeleição de Marta para a prefeitura de São Paulo. Na época ela estava no PT.

De acordo com Santana, Favre não prestou nenhum tipo de serviço para a Polis e permaneceu na empresa mesmo depois de encerrada a campanha. O delator afirma que, questionada sobre isso, Marta teria dito: "Não se preocupe. Pelo currículo internacional dele, pode dizer que ele dá consultoria para suas empresas no Exterior".

Tanto Santana como sua mulher, a empresária Mônica Moura, afirmam que Marta sabia que os recursos para pagar o salário de seu marido na época vinham de caixa 2. "A gente tinha estabelecido o preço da campanha, mas que aí ela incorporaria esse custo como uma forma de compensação. Era uma maneira de regularizar a vida contábil dele", disse Santana. Nas palavras de Mônica, era "direito branqueado", necessário para Favre, estrangeiro, sem renda naquela época. "O pagamento do Luis Favre, entrou no bolo das despesas de campanha. Ele não prestou serviço. Ele é um estrategista, participava de algumas reuniões. Fizemos um contrato simulado a pedido da senadora", afirmou o marqueteiro.

Chikungunya passa de 13 mil casos no Ceará e coloca cidades em alerta

Posted: 13 May 2017 02:18 PM PDT

Doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e do vírus Zika Ag. Pará/Fotos Públicas

De nome esquisito e capacidade de, literalmente, derrubar uma pessoa, a febre chikungunya tem feito dezenas de doentes no Ceará a cada semana. A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e do vírus Zika, e chega a ser mais debilitante que a duas enfermidades. O avanço da doença acionou o alerta no estado.

"Começou com uma febre muito alta, de repente, e com as dores nas juntas: pontas dos dedos, ombros, joelhos, pés. É uma dor insuportável, a ponto de eu não conseguir me levantar e me mover nos primeiros dias. Eu não sentia fome nem sede e fiquei muito inchada. Havia alguns casos no meu bairro e eu já sabia como a doença evoluía", conta a jornalista Talita Sales, 31, que teve a doença há um mês.

No último boletim epidemiológico das arboviroses (dengue, Zika e chikungunya), a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) contabilizou 13,3 mil casos de chikungunya confirmados até a 19ª semana de 2017 e uma taxa de incidência de 465 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Em 2016, a Sesa classificou o cenário da doença como epidêmico: 31,4 mil casos foram confirmados em 139 dos 184 municípios cearenses.

Características

Embora guarde semelhanças com a dengue e a zika, a chikungunya tem características que podem explicar a rápida disseminação do vírus, segundo a coordenadora de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Daniele Queiroz. Quando a pessoa é picada pelo Aedes aegypti, os sintomas começam de forma mais precoce (sobretudo febre alta e dores nas articulações) e o vírus permanece no doente por cerca de 10 dias. Se ela for picada várias vezes nesse período, os mosquitos disseminam a doença com mais rapidez.

O vírus da chikungunya se multiplica no mosquito em apenas 2 dias (o vírus da dengue leva de 8 a 12 dias para passar por esse processo; só após esse período é que o mosquito começa a transmiti-lo). Estima-se ainda que, de cada 10 pessoas picadas pelo Aedes aegypti, pelo menos 7 desenvolvam a chikungunya. "Isso dá a característica de epidemia explosiva", explica a coordenadora.

Agência da ONU investe em técnica de esterilização para combater Aedes aegypti

Daniele Queiroz também aponta como possível explicação para o avanço da doença no estado o fato de boa parte dos municípios sofrerem com a falta d'água nos períodos de seca. "Se não chove, há o armazenamento de água de forma indevida que pode caracterizar foco do mosquito. Se chove, para garantir o abastecimento da família, também pode haver esse armazenamento indevido, além do acúmulo em recipientes e locais expostos à chuva."

Ela também aponta a mudança de comando nas prefeituras este ano, quando as ações de combate ao Aedes aegypti acabaram sendo paralisadas durante a transição dos ex-prefeitos para os eleitos no ano passado. O período entre novembro e dezembro é quando começam as surgir as arboviroses.

"Metade das cidades já está com índice de incidência de chikungunya acima de 100 casos para 100 mil habitantes, o que já é considerado estado de alerta", explica Daniele.

Das 184 cidades cearenses, 130 receberam cartas de alerta este ano. Entre as atividades desenvolvidas pela Sesa de combate estão: colocação de telas em caixas d'água e outros recipientes que armazenem água; o uso do fumacê, veículo que pulveriza um tipo de substância que mata os mosquitos adultos; e visitas compulsórias a residências e terrenos fechados ou abandonados (ocorrem quando o proprietário do imóvel não responde às notificações dos agentes de endemias).

"Se a comunidade não se ver como parte importante do processo, nunca vamos conseguir controlar o mosquito. Grande parte dos focos estão nas residências e nos locais de trabalho", ressalta.

Na última semana, a Prefeitura de Fortaleza lançou campanha educativa para intensificar o engajamento da população. Foram liberados ainda R$ 500 mil para o desenvolvimento de pesquisas sobre a chikungunya por um grupo de especialistas locais.

"Este ano, temos a intenção de informar mais ainda as pessoas. A chikungunya é uma doença nova que tem assustado, principalmente por conta das dores", diz a secretária da Saúde de Fortaleza, Joana Maciel,

A capital cearense responde por 8.073 casos de chikungunya confirmados no estado. Dentro do país, conforme dados do Ministério da Saúde, Fortaleza aparece em primeiro lugar no ranking de incidência entre cinco cidades com mais de 1 milhão de habitantes. O acumulado de janeiro a abril soma 560 casos por 100 mil habitantes.

A campanha prevê incentivar escolas e empresas a formarem brigadas de combate aos focos do Aedes aegypti."É preciso atentar para os criadouros e para o ciclo de vida do mosquito, que é de sete dias [entre a colocação dos ovos em uma superfície de água e o desenvolvimento do mosquito adulto]. Por isso, é importante que as pessoas procurem nas suas casas focos a cada sete dias."

Sintomas podem durar meses

Um mês depois de ter a febre chikungunya, a jornalista Talita Sales ainda convive com dores. "Todos os dias, ao acordar, eu sinto muita dor nas mãos, a ponto de não conseguir fechar o botão da blusa, e meus pés ainda estão muito inchados."

Já a empresária Maria José Carvalho, 60 anos, teve a doença há um ano e ainda sente dores nas articulações. "Na época, fiz um tratamento intenso. Melhorei, comecei a andar e a pegar as coisas com as mãos, que estavam rígidas. Após um ano da doença, continuo em tratamento com um reumatologista e tem dias que ainda sinto dores nas articulações."

Ministério da Saúde decreta fim da emergência nacional e casos de dengue e zika caem mais de 90% no Brasil

Alguns casos podem gerar sintomas crônicos, sobretudo dores. Nestas situações, se após três meses ainda houver dor, é recomendado buscar novamente um médico para verificar a necessidade de tratamento.

Crianças, idosos e portadores de doenças preexistentes são considerados mais vulneráveis ao vírus. Nestes casos, a recomendação é de que a pessoa, independentemente da intensidade das dores, procure um posto de saúde ou outro local de atendimento médico.

"Se o paciente é hipertenso, ele vai ter picos hipertensivos. Se é diabético, vai registrar alteração de glicemia repentina. A chikungunya descompensa qualquer condição de base e altera o perfil de adoecimento e morte", explica a coordenadora Daniele Queiroz.

Segundo a coordenadora, a literatura médica diz que, embora incapacitante, a doença, em geral, não leva à mortes. No entanto, em 2016, segundo o Ministério da Saúde, o Ceará registrou 26 óbitos. Neste ano, cinco pessoas morreram em janeiro por complicações da doença.

No Ceará, foram registrados sintomas atípicos, como alterações de memória e a perda de força nos membros inferiores.

Lula ficou irritado com exigências do PMDB para apoiar Dilma, diz marqueteiro

Posted: 13 May 2017 01:59 PM PDT

Michel Temer não era a preferência petista para ser vice de Dilma Marcos Corrêa/22.04.2017/PR

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou "irritado" com as exigências do PMDB para apoiar a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República em 2010, disse o marqueteiro João Santana ao MPF (Ministério Público Federal). Segundo João Santana, Lula preferia que o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, fosse o vice de Dilma naquela campanha eleitoral.

Em sua delação premiada, João Santana conta o episódio de um jantar no Palácio da Alvorada, em que se reuniu com o então presidente Lula e o núcleo duro da campanha de Dilma para tratar das eleições de 2010.

"Ele estava profundamente exasperado dizendo que não ia coligar (com o PMDB). Que se dependesse dele, não ia coligar com o PMDB, porque o PMDB estava fazendo exigências absurdas", disse Santana aos procuradores.

"Tá ficando impossível atender as exigências do PMDB", afirmou Lula, conforme o depoimento do marqueteiro.

O delator não soube detalhar quais seriam as exigências absurdas do PMDB para fazer parte da chapa de Dilma. Segundo Santana, em sua forma de interpretação, as exigências poderiam ser tanto políticas, envolvendo loteamento futuro de cargos na administração pública, quanto apoio financeiro, ou uma combinação das duas coisas.

"Ele (Lula) estava profundamente exasperado, irritado", afirmou Santana. Conseguir o apoio do PMDB era considerado fundamental para a campanha, devido principalmente ao tempo que o partido teria a oferecer a Dilma no horário eleitoral.

De acordo com o delator, na época do jantar ainda se discutia o nome de quem seria o vice da petista. Entre os nomes cogitados, estavam o do então vice-presidente José Alencar, mas a imposição do PMDB foi pelo nome de Michel Temer.

"A preferência do Lula era Nelson Jobim, que seria o candidato ideal", disse Santana.

Perfil

O marqueteiro conta que, desde o início, estava claro que Temer "não somava nada" à campanha do ponto de vista eleitoral.

"Nós fazemos teste de perfil de vice. O Temer não tinha um perfil, nunca teve. Era pouco conhecido e onde era conhecido, sofria críticas. E não havia uma sinergia entre os perfis dele e da Dilma, ao contrário. A Dilma precisava na verdade ter um político mais jovem, mais aberto, mais carismático, que compensasse (isso), sem engoli-la", comentou Santana.

Em seu depoimento, Santana também revelou detalhes sobre sua estratégia ao elaborar o marketing político de campanhas eleitorais.

"Uma candidata com baixíssimo nível de conhecimento, como era Dilma, obviamente precisa de mais tempo (no horário eleitoral). Quanto menor o índice de conhecimento tem um candidato, necessita de mais tempo. Vem daí as grandes coligações. Quem tem o poder político e econômico tem mais possibilidades", afirmou.

"Independente da circunstância específica de um candidato, com a experiência eu adquiri uma média, que na minha cabeça, eu dizia 'Nunca menos de 8 minutos (de horário na TV) e nunca mais de 10'. Porque 10 é over, e menos de 8 você não tem tempo pra fazer uma campanha", contou o marqueteiro.

Com a palavra, a defesa de Lula

Em nota enviada à imprensa, o advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, afirmou que a Lava Jato "investe numa fábrica de delatores para falarem o nome de Lula em troca de vantajosos benefícios". "Mas a palavra de delator não tem valor de prova, segundo a lei, ao contrário da palavra de testemunhas", diz a nota.

Com a palavra, as assessorias do PMDB e do presidente Michel Temer

Até a publicação deste texto, as assessorias do PMDB e de Temer não haviam respondido à reportagem.

Cláudia Cruz pede absolvição ao juiz Sérgio Moro

Posted: 13 May 2017 12:48 PM PDT

Processo contra Claudia Cruz está em fase final de julgamento Pedro Ladeira/05.11.2015/Folhapress

Ré em ação penal por crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro supostamente oriundo do esquema de propinas atribuído a seu marido, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a jornalista Claúdia Cruz alega, por meio de seus defensores, que o próprio magistrado reconheceu que sua conta na Suíça "não recebeu qualquer valor proveniente dos supostos atos de corrupção na África".

Em alegações finais, fase derradeira do processo, os advogados de Cláudia destacam que "esses recursos permaneceram nos trusts de Eduardo Cunha".

— Portanto, os valores gastos nos cartões de crédito não têm qualquer relação com a suposta corrupção.

O documento é subscrito pelos advogados Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas.

Em abril, também em alegações finais, a força-tarefa do Ministério Público Federal pediu condenação de Claúdia a pena de prisão em regime fechado. Os procuradores sustentam que a conta da mulher do ex-presidente da Câmara recebeu mais de US$ 1 milhão "provenientes de crimes praticados pelo marido". O dinheiro teve origem, destacam os investigadores, na propina que o peemedebista teria recebido em negócio da Petrobrás na compra de campo de petróleo de Benin, na África, em 2011.

A defesa de Cláudia rechaça essa versão e usa como argumento principal trecho da sentença que o próprio juiz Moro impôs a Eduardo Cunha — 15 anos de prisão na Lava Jato.

Na sentença contra o peemedebista, Moro destacou, na página 98, que os valores depositados na conta de Cláudia Cruz "não foram provenientes de vantagem indevida decorrente do contrato de aquisição pela Petrobrás dos direitos de exploração do Bloco 4 em Benin".

Os criminalistas Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas são os defensores de Cláudia.

Eles alegam que o dinheiro gasto com cartões de crédito de Cláudia tem origem diversa, "de outros recursos de Eduardo Cunha, sobre os quais não pesam quaisquer suspeitas".

"Inviável a condenação nos termos da imputação em questão, uma vez que não se atribuí à defendente (Cláudia) nada além de receber valores de trusts dos quais seu marido é beneficiário, não havendo qualquer elemento que indique a ilicitude destes recursos", sustentam os advogados em uma peça de 169 páginas.

Nas alegações, os advogados requereram preliminarmente a Moro que desconsidere e tire dos autos os termos de delação premiada de Hamylton Padilha e Nestor Cerveró (ex-diretor de Internacional da Petrobrás) "em razão da indisponibilidade dos registros audiovisuais das oitivas em questão".

Os defensores pedem, ainda, que o juiz determine a tradução dos documentos que dão base à acusação — contratos entre CBH e República de Benin, extratos e documentos bancários, íntegra das investigações empreendidas na Suíça, sendo reabertos os prazos para requerimento de diligências.

A defesa de Cláudia pede também que "seja reconhecida a ilicitude da prova oriunda da Suíça, em virtude das máculas que recaem sobre a cooperação jurídica internacional, sendo determinado o seu desentranhamento dos autos".

— Seja a defendente absolvida nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, em razão de não constituírem infração penal os fatos imputados pela acusação.

Alternativamente, eles sugerem a Moro que caso não absolva Cláudia, que aplique a ela penas mínimas.

Estilista Carolina Herrera lamenta assassinato de sobrinho na Venezuela

Posted: 13 May 2017 11:54 AM PDT

Carolina Herrera falou sobre tragédia nas redes sociais Getty Images

A famosa estilista Carolina Herrera lamentou, neste sábado (13), o assassinato de um sobrinho que morava na Venezuela, encontrado sem vida pelas autoridades dentro de um veículo depois de ter sido supostamente sequestrado.

O Ministério Público venezuelano informou que está investigando a morte dos empresários Reinaldo Herrera, de 34 anos, e Fabrizio Mendoza, de 31.

"Agradeço suas mensagens amáveis. A família e eu apreciamos a generosidade", escreveu a estilista venezuelana famosa mundialmente na conta de Instagram da sua casa de moda, que tem sede nos Estados Unidos.

Segundo a promotoria, as vítimas foram localizadas na noite da quinta-feira dentro de um veículo junto à estrada que conecta a capital da Venezuela, Caracas, com a costa central do país. A promotoria disse que "presume-se que as vítimas haviam sido sequestradas".

"Nossa única esperança é que o assassinato trágico do nosso jovem sobrinho Reinaldo e seu colega Fabrizio sirva para mitigar a terrível carnificina e os homicídios que são cometidos contra nossa juventude na Venezuela", acrescentou, acompanhando suas palavras com uma fotografia sua ao lado da vítima.

A Venezuela é um dos países mais violentos do mundo. Os homicídios cresceram 22 por cento no ano passado, para um total de 21.752 pessoas assassinadas, segundo a promotoria.

Lei da Gorjeta entra em vigor hoje em todo o país

Posted: 13 May 2017 11:54 AM PDT

Gorjeta deve ser registrada na carteira de trabalho dos funcionários Daia Oliver/R7

Começa a valer neste sábado (13) em todo o país a Lei da Gorjeta, que será aplicada a bares, restaurantes, hotéis, motéis e a todo tipo de estabelecimento onde os funcionários recebam esse valor adicional.

A lei prevê que a gorjeta deverá ser agora registrada na carteira de trabalho dos funcionários como parte do salário deles. O patrão deverá fazer o registro do salário fixo do trabalhador e anotar a gorjeta como um percentual a mais, a ser calculado com o valor médio recebido nos últimos 12 meses. Se houver redução no recebimento das gorjetas, o empregador deverá arcar com o valor registrado na carteira dos empregados.

Para o ministro do Turismo, Marx Beltrão, a regulamentação vai beneficiar especialmente os trabalhadores do setor e incentivar "aqueles que estão na linha de frente do atendimento ao turista". Para o governo, há também a expectativa de que a mudança na legislação ajude a aumentar a arrecadação de encargos sociais, previdenciários e trabalhistas, uma vez que o registro como salário garante que parte do valor recebido pelos comerciantes seja destinada a isso.

Para os estabelecimentos inscritos no Simples Nacional, a nova lei prevê que até 20% do que for arrecadado em gorjetas sejam destinados a esse tipo de encargo. Nos demais casos, até 33% do valor deverão ser destinados a isso. O restante do valor deve ser integralmente repassado aos funcionários.

A fiscalização será feita pelos sindicatos, no caso de empresas que tenham até 60 funcionários, ou pelos próprios trabalhadores no caso das empresas com número de contratados acima de 60. Nesse caso, deve ser criada uma comissão dos trabalhadores para fazer a fiscalização.

A lei foi sancionada pelo presidente Michel Temer em 13 de março, mas com previsão de prazo para entrar em vigor para que os estabelecimentos pudessem se ajustar às novas regras. A partir de agora elas deverão ser aplicadas obrigatoriamente.

Funcionário de João Santana diz que foi roubado após receber R$ 1 mi da Odebrecht

Posted: 13 May 2017 11:44 AM PDT

Funcionário pegou grana na empreiteira em nome de marqueteiros Código19/Folhapress

O assistente administrativo André Santana contou ao ministro Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que foi roubado após receber um pagamento de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão na sede da Odebrecht, em São Paulo. André contou em seu depoimento ter recolhido dinheiro vivo de caixa 2 em nome da empresária Mônica Moura e do marqueteiro João Santana.

"Eles me levaram, colocaram dentro de um veículo que eles estavam... acredito que eles estavam me seguindo, me levaram por alguns metros, passavam por cima de meio fio e depois pararam e me largaram, não me recordo onde foi", detalhou o funcionário.

Responsável pela movimentação bancária, recebimentos e pagamentos da Pólis Propaganda, André explicou que Mônica Moura, em 2014, pediu para que ele fosse até a Odebrecht para receber os valores. De acordo com André, lá ele teria sido encaminhado para um hotel onde receberia os valores. "Não me recordo perfeitamente, mas eu acredito que umas cinco ou seis vezes eu tive esses recebimentos em 2014", contou.

Sobre as visitas ao hotel em busca dos valores de caixa dois repassados pela Odebrecht, o funcionário explicou que em algumas visitas recebia R$ 50 mil, em outras R$ 250 mil e chegou a receber R$ 500 mil — o maior valor teria sido o roubado.

"A pessoa chegava com um saco plástico, uma vez até lacrado, abria para eu poder ter conhecimento daquilo e deixava lá", contou sobre o procedimento para receber. André explicou que, em São Paulo, sua interlocutora na empreiteira era uma secretária do executivo Fernando Migliaccio de nome Aline. O funcionário de João Santana afirmou também ter recebido valores na sede da empresa em Salvador.

Lá, segundo ele, a responsável por o receber e providenciar os pagamentos era a secretaria do Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina da Odebrecht, Maria Lúcia Tavares. "Eu me apresentei na portaria da Odebrecht, me identifiquei, avisei que ia falar com ela, ela me levou à sala dela no primeiro andar, passei pela sala dela e depois fui a uma segunda sala com essa remessa de R$ 250 mil", afirmou.

Com humor, "Guardiões da Galáxia" leva Marvel a novo rumo em filmes de super-heróis

Posted: 13 May 2017 11:29 AM PDT

Por Piya Sinha-Roy

LOS ANGELES (Reuters) - O surpreendente sucesso do primeiro filme "Guardiões da Galáxia", com sua gangue intergalática de deslocados e um tom humorístico, motivou a Marvel Studios a fazer filmes de ação com personagens pouco conhecidos das histórias em quadrinhos que podem fazer o público dar risada.

Dois anos depois, a aposta de que a comédia poderia ajudar a catapultar personagens como os de "Guardiões", "Homem-Formiga" e "Doutor Estranho" nas bilheteria, foi novamente bem-sucedida.

Os "Guardiões", liderados por Chris Pratt no papel de Peter Quill, estrearam em 2014 com mais de 700 milhões de dólares nas bilheterias globais. "Guardiões da Galáxia Vol. 2" estreou nos Estados Unidos na semana passada e já arrecadou mais de 500 milhões de dólares.

"O primeiro 'Guardiões da Galáxia' nos permitiu talvez ir um pouco além, não apenas no humor, mas em tipos de personagens", disse o principal executivo da Marvel Studios, Kevin Feige, à Reuters.

A comédia tem marcado os filmes da Marvel desde "Homem de Ferro", de 2008, com os diálogos arrogantes de Robert Downey Jr. Muitos dos próximos lançamentos estúdio, como "Homem-Aranha" e "Thor", devem usar o humor para construir apelo entre o público.

A franquia dos "Guardiões" foi além, colocando a comédia no centro do filme. O público apaixonou-se pelo rebelde Peter, a objetiva Gamora, o alienígena Drax, que não entendia ironia, e a amizade entre o guaxinim Rocket e a árvore Groot.

"Risada é a maneira com a qual você prende a audiência, e então, você pode assustá-la, pode talvez tocá-la emocionalmente com mais profundidade do que estão esperando em um filme sobre uma árvore e um guaxinim e alienígenas que não entendem metáforas", disse Feige a repórteres, em abril. 

"Humor é o segredo para atingir os outros sentimentos do público", acrescentou. 

Também faz parte da estratégia da Marvel fazer o público assistir aos filmes repetidas vezes. Feige teceu comparações com as franquias "Star Wars" e "Harry Potter".

"Há apenas uma maneira de fazer isso: com filmes divertidos o bastante e com a mitologia das nossas histórias ricas o bastante e profundas o bastante para valer a pena uma continuação", disse, em entrevista à Reuters.

Lula entra com recurso contra fechamento de instituto

Posted: 13 May 2017 10:32 AM PDT

Decisão sobre fechamento se baseia em elementos sem credibilidade, afirma defesa Reprodução/Instituto Lula

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com recurso contra a decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, que suspendeu as atividades do Instituto Lula.

O pedido de habeas corpus foi protocolado no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, sustenta que a decisão, divulgada na terça-feira, ignorou a presunção de inocência e se baseia em elementos sem credibilidade, bem como na interpretação equivocada dos fatos.

Zanin cita ainda que, como o próprio juiz reconheceu, não houve pedido de suspensão das atividades pelo Ministério Público Federal. O advogado acrescenta que o fechamento do instituto não teve fundamentação jurídica "minimamente razoável" e prejudica o cotidiano de seus funcionários. "Confunde-se a instituição com a pessoa de Lula", observou o advogado na nota.

Entre os elementos citados pelo defensor ao justificar a apresentação do recurso, Zanin diz que a citação, na decisão judicial, dos indícios de possíveis delitos cometidos no instituto se baseou em depoimento dado ex-presidente da OAS Léo Pinheiro no qual o empreiteiro, na qualidade de réu da ação, não tinha a obrigação de dizer a verdade.

Leia mais:

Lula criticou Graça Foster por "fechar torneira" da Petrobras

Dilma diz que delatores constroem 'versões fantasiosas'

O que se sabe até agora do 'sequestro' de computadores em grandes empresas ao redor do mundo

Posted: 13 May 2017 05:11 AM PDT

Reprodução/Sicilia Informazioni

Um ataque cibernético de grandes proporções atingiu diversas empresas e organizações pelo mundo nesta sexta-feira, afetando até mesmo os serviços de saúde britânicos.

Trata-se de uma aparente campanha de ransomware - em que computadores são infectados com um vírus que codifica e "sequestra" os arquivos. Os invasores, então, pedem um "resgate": ameaçam destruir (ou tornar públicos) os arquivos caso não recebam dinheiro.
Quais são as sofisticadas armas cibernéticas da guerra do século 21?

Há relatos de computadores infectados em até 74 países, incluindo Reino Unido, EUA, China, Rússia, Espanha e Itália, o que leva especialistas em segurança a acreditar em ação coordenada.

Uma análise da empresa de antivírus Avast identificou um "enorme pico" de ransomwares pelo vírus WanaCrypt0r 2.0 (ou WCry). "Foram mais de 57 mil infecções até agora", diz o blog da empresa, atualizado nesta tarde. "Segundo nossos dados, o ransomware alveja principalmente Rússia, Ucrânia e Taiwan, mas teve sucesso em infectar grandes instituições."

No Reino Unido, houve significativo impacto sobre os arquivos digitais do NHS, equivalente ao SUS britânico. Dados de pacientes foram criptografados pelos invasores e se tornaram inacessíveis. Até ambulâncias e clínicas médicas foram afetadas.

Nos computadores invadidos, uma tela dizia "ops, seus arquivos foram codificados" e pedia pagamento de US$ 600 (cerca de R$ 1,9 mil) em bitcoins (moeda digital) para recuperá-los.

"Não é um ataque inédito, mas ele se aproveita de falhas no sistema operacional para executar um comando no computador (infectado)", diz à BBC Brasil Fernando Amatte, especialista da CIPHER, empresa de cibersegurança. "E ele se espalha sozinho: ao entrar em uma rede, (o malware) procura outras máquinas da mesma rede para infetcá-las, sem a necessidade de interação dos usuários."

Organizações por todo o mundo confirmaram ter sofrido impactos do ataque Reprodução/Getty Images

Outra grande empresa infectada foi a espanhola Telefónica, que disse em comunicado estar ciente de um "incidente de cibersegurança". Segundo a empresa, clientes e serviços não foram afetados, apenas a rede interna.

Na Itália, um usuário compartilhou imagens de um laboratório de informática universitário aparentemente infectado pelo mesmo programa.

Nos EUA, a empresa de logística FedEx disse que, "assim como outras empresas, está vivenciando interferência com alguns de nossos sistemas baseados em Windows, por culpa de um malware (software malicioso). Faremos correções assim que possível".

Ameaça crescente

Os ransomwares estão se tornando uma das mais importantes ameaças cibernéticas da atualidade.

"Esses ataques têm crescido justamente porque os criminosos veem nele uma possibilidade de ganho fácil, já que bitcoins são uma moeda não rastreável", diz Fernando Amatte.

E o ataque desta sexta se destaca. "Foi muito grande, impactando organizações pela Europa em uma escala que nunca havia visto", agrega à BBC Kevin Beaumont, também especialista em segurança cibernética.

Especialistas apontam que o ataque explora uma vulnerabilidade que havia sido divulgada por um grupo que se autointitula The Shadow Brokers. Esse grupo recentemente declarou ter roubado ferramentas digitais da NSA, a agência nacional de segurança dos EUA.

A empresa Microsoft havia conseguido criar proteções contra a invasão, mas os hackers parecem ter tirado proveito de redes de computadores que ainda não haviam atualizado seus sistemas.

Segundo especialistas, a proteção contra ransomwares passa por medidas básicas, como evitar clicar em links suspeitos e fazer cópia de arquivos importantes. Mas, em casos como o desta sexta, em que os usuários foram afetados sem nem mesmo clicar em links do tipo, Amatte diz que a precaução deve ser maior: manter os sistemas operacionais devidamente atualizados com os updates de segurança.
E adianta pagar o resgate? "Tenho clientes que foram bem-sucedidos em recuperar seus arquivos ao pagar o resgate e tenho clientes que não receberam os arquivos de volta. Por se tratar de criminosos, é difícil saber o que eles pensam. Existe a chance de não se conseguir recuperar."

Lula criticou Graça Foster por "fechar torneira" da Petrobras

Posted: 13 May 2017 05:04 AM PDT

Dilma se ofendeu com críticas por nomeação de Graça Foster Joel Rodrigues/Frame/Folhapress - 2.12.2013

O marqueteiro João Santana relatou, em delação premiada ao MPF (Ministério Público Federal), que a presidente cassada Dilma Rousseff teria nomeado Graça Foster para a presidência da Petrobras para acabar com a "esculhambação" na estatal.

De acordo com Santana, a declaração foi uma resposta da então presidente a críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que consideraria a indicação de Graça um "erro profundo".

Santana descreveu que, em um jantar no Palácio do Planalto, Dilma teria se ressentido com as queixas feitas por Lula.

"Ela me disse: 'Olha, as críticas que o Lula faz a Graça são tão injustas quanto as críticas que a imprensa faz a mim'", afirmou o delator, em referência às denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena (EUA) envolvendo a petista.

De acordo com o marqueteiro, Dilma alegou estar "colocando ordem na casa". O objetivo seria acabar com problemas de gestão e possíveis usos políticos da Petrobras. Como parte do "saneamento", estaria a demissão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa condenado pela Operação Lava Jato.

"Ela usou a frase 'será que eles não enxergam que eu estou arrumando a casa? O canalha do Paulo Roberto Costa fui eu que tirei. E acabei remediando muita coisa lá'".

As queixas de Lula a Graça Foster, de acordo com Santana, seriam relativas à demora no pagamento de empresas prestadoras de serviços para a Petrobras. Segundo o delator, o ex-presidente afirmava que os atrasos seriam sistemáticos e intencionais, o que teria irritado empresários.

"Ele tinha uma restrição pessoal e administrativa ao estilo da Graça. Dizia que ela era incompetente, não tinha estatura pro cargo, não tinha traquejo político, nem administrativo e que foi um erro profundo da Dilma colocá-la".

O marqueteiro também disse que Lula fazia críticas constantes a Graça Foster, entre outros motivos, porque ela estava "fechando a torneira".

O marqueteiro afirmou que, à época, em 2014, não ligou as críticas de Lula ao pagamento às construtoras envolvidas no esquema de desvio de recursos na Petrobrás, mas que hoje, "vendo de trás para diante", pode ter outro significado.

Defesa

Em nota enviada à imprensa anteontem, quando o Supremo Tribunal Federal liberou o sigilo dos depoimentos, a assessoria de Dilma Rousseff disse que João Santana e a mulher dele, a empresária Mônica Moura, "prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores".

Dilma diz que delatores constroem 'versões fantasiosas'

Posted: 13 May 2017 04:41 AM PDT

Dilma durante evento ontem em Porto Alegre José Carlos Daves/Futura Press/Estadão Conteúdo

A presidente cassada Dilma Rousseff afirmou na sexta-feira (12), por meio de nota, que os marqueteiros João Santana e Mônica Moura constroem "versões falsas e fantasiosas" para conseguir liberdade e redução de pena.

"A presidente Dilma nunca negociou doações eleitorais ou ordenou quaisquer pagamentos ilegais a prestadores de serviços em suas campanhas ou fora delas", afirma a nota.

A petista nega que tenha tratado de caixa 2 ou pagamentos no exterior com os marqueteiros.

Sobre o trecho do depoimento em que o casal diz que Dilma informava os dois sobre o andamento da Lava Jato, a nota diz que a versão é "fantasiosa". "Essa tese não tem a menor plausibilidade. Dilma Rousseff jamais recebeu de quem quer que seja dados sigilosos sobre investigações.

Todas as informações prestadas pelo Ministério da Justiça ocorreram na forma da lei. É risível imaginar que a presidente recebeu informações de forma privilegiada e ilegal ao longo da Lava Jato. Isso seria presumir que a Polícia Federal, o Ministério Público ou o próprio Judiciário, por serem os detentores e guardiões dessas informações, teriam descumprido seus deveres legais", informa.

Ao tratar do e-mail criado por Mônica para se comunicar com Dilma, a nota classifica de "patética" a afirmação. "Mais inverossímil ainda é a afirmação de que Dilma Rousseff teria recomendado que os delatores ficassem no exterior, uma vez que todos sabem que mandados de prisão expedidos no Brasil podem rapidamente ser cumpridos em países estrangeiros." 

Dilma sugeriu que casal transferisse conta da Suíça para Cingapura, diz delatora