#Mistérios |
Posted: 02 Jan 2017 05:49 PM PST Tempo de leitura: 13 minutos Havia se passado quase uma semana desde que eu liguei insistentemente para o Fininho em busca de alguma resposta para o telefonema bizarro. Mas sempre ouvi a mesma desculpa, que ele tinha viajado. Talvez fosse verdade, afinal, Fininho trabalhava nisso. Gradualmente meus afazeres diários começaram a atrapalhar meu interesse no caso do Raiden. Gradualmente fui me esquecendo do assunto e já não pensava mais nisso. Então aconteceu uma porra duma reviravolta inesperada. Eu tinha recebido um convite para uma vernissage dum cara que namorou uma prima minha. Eu nunca entendi aquele namoro, porque sempre imaginei que gays namorassem homens. Mas minha prima Lucrécia parecia alheia a este fato. Talvez por ela ter três mamilos, (sério, mas ninguém podia falar isso na família que era tabu) ou pela perna mecânica, ou quem sabe, a idade (dizem as más línguas que as pessoas pensam que ela é a vó dele)… O fato é que Lucrécia era gamada no tal do Fabiano Visconti a ponto de bancar todos os luxos dele. Mas não se engane, não é golpe do baú. Fabiano é herdeiro de uma das maiores construtoras do país, com negócios em três continentes e mais de trinta países, ele é o que chamamos popularmente de um “cara podre de rico”. Ele despreza a própria família, embora viva de uma mesada que recebe da Fundação Pablo Visconti. Essa mesada é, como qualquer um poderia supor, dinheiro que não acaba mais. Mas de volta ao Fabiano, pensa num cara afetado. Fabiano é pior. Fabiano dava gritinhos, saltitava como uma libélula e uma vez desmaiou de emoção em pleno museu do Louvre ao se deparar com uma pintura renascentista que não conhecia. Então lá estava eu, adentrando o suntuoso museu. Era fácil encontrar lucrécia. Bastava seguir os flashes dos paparazzi (eles adoravam a dupla) ou os latidos esganiçados dos filhotes do Czar. Um garçom se aproximou e me ofereceu (falando em francês – aliás, que babaquice idiota isso em pleno Rio de Janeiro) um flute de champanhe da melhor qualidade. Parei ao lado de uma moça linda e esguia, enfiada num microvestido preto e saltos altos de sola vermelha (caros). Era uma mulher de parar o trânsito, que eu já tinha visto numa novela, mas não sabia o nome porque não vejo essas bostas desde que passava Roque Santeiro na TV. Ela aparecia em comerciais. Estava de braços cruzados, segurando a taça de champanhe, completamente absorvida pela pintura. Fiquei ali ao lado dela. Nos entreolhamos por um segundo e ela fez um discreto cumprimento com a cabeça. Eu respondi na mesma toada. Ficamos ali diante da imensidão daquele quadro. Na tela, um caralho pintado de azul. Sim, um pênis. Um falo de dois metros e meio. Ereto, veiúdo, a glande repuxada exibindo uma cabeça avermelhada que lembrava quase um cogumelo ao sol. Notei que a pica de proporções titânicas era meio torta, enviesada. Fiquei pensando no meu pau. Eu tinha um pau reto, mas deve ser uma merda ter pau torto… Então a moça ao meu lado, compenetrada diante de tamanha magnificência caralhal sussurrou: -Você já passou pelos retratos? Eu ia dizer mais alguma coisa, precisava pensar rápido ou perderia a janela da oportunidade. Mas deu merda. Uma mão ossuda e forte me agarrou pelo braço. Imediatamente me virei e dei de cara com a prima Lucrécia. A boca murcha e flácida lembrava um palhaço de circo. O vestido era uma marmota de bolinhas, meio apertado, que lembrava a capa de um botijão de gás. Ela estava usando um chapéu amarelo enorme que lembrava ate um sombreiro. No pescoço, colares estranhos comprados em alguma feira de antiguidades da Europa, certamente. Os cachorros vieram me cheirar. -Aqui está o meu primo preferido! – Ela berrou pra exposição inteira ouvir, com sua voz esganiçada e espalhafatosa. Pelo menos esse ano ela estava usando brincos de pérolas e não diamantes. A propósito, Rasputin morreu engasgado com um diamante. Me senti bombardeado por dezenas de olhares inquisidores. Certamente alguém ali devia estar pensando se eu já tinha comido a velha perneta, mulher do pederasta pintor de falos. -Fabianoooo! Olha quem chegou! – Ela berrava. Os flashes então se voltaram para mim e tivemos que fazer mais de dez fotos brindando diante da pintura duma negra com um leque que era de fato uma das melhores pinturas que Fabiano Visconti já havia feito em sua vida. Era a “jóia da coroa” naquela Vernissage. O enorme papel ao lado ostentava um “vendido” em letras garrafais com negrito. Faça ideia da fábula que aquilo devia ter custado. Fabiano me fez prometer que iria em seu próximo aniversário. Eu o congratulei pela exposição e trocamos uma ideia rapidamente sobre as pinturas. -Mas você mudou o estilo? – Perguntei, sem saber que aquilo iria ofendê-lo profundamente. (eu soube depois pela prima que me ligou pra reclamar da pergunta. Segundo disse, ele até… Chorou. Duvido. Certamente era um exagero de Lucrécia, pra dar um drama na parada.) Seja como for, se o afetou, ele é bom ator, pois na hora não parecia ter afetado nada. Ele respondeu que havia chegado ao fim de um ciclo e um novo estava se abrindo, e que havia um mundo novo a descortinar atrás dos falos conceituais. E discorreu brevemente por referências a tribos primitivas que cultuam gigantescos falos escupidos em troncos de árvore ou pedras, e pintores da década de 60 que eu desconhecia. Ele mijou sua arrogância artística sobre minha cabeça diante do olhar atento e orgulhoso da prima Lucrécia. -Sabe quem é essa, Gui? -Oi. – Eu disse. Percebi que ela estava distante e resolvi não insistir. Se há uma coisa que um homem aprende com a idade é quando o lance não vai dar liga. Era ele. Era o velho. O velho que havia me ameaçado, o velho que… Era velho quando eu era um menino. Ele estava igualzinho. Igualzinho, eu já não podia parar de olhar para aquela figura. Como? Como? Quem era ele? Por que Fabiano Visconti havia escolhido justo aquela figura tenebrosa para pintar? Desci correndo pelas escadas do museu ate chegar ao Fabiano. Ele estava conversando com agentes internacionais, de modo que fui obrigado a esperar a rodada dos negócios terminarem para poder falar com ele. Enquanto Fabiano conversava em francês fluente com três marchands, tentei levar a prima até lá. Dei uma desculpa canhestra de que queria mostrar a ela uma coisa qualquer. -Sabe quem é esse, Lucrécia? Eu já estava prevendo o que ela ia dizer. Lá vinha o que eu temia, todo o pavor sintetizado numa simples palavra… -…Ocultismo. -Ele vem aí. Olha ele lá. – E então ela apontou para o final do corredor e eu vi. CONTINUA O post A busca pelo Raiden 2 foi criado no blog Mundo Gump. |
Posted: 02 Jan 2017 02:09 PM PST Tempo de leitura: 2 minutos Estou trabalhando em três projetos ao mesmo tempo e hoje eu comecei a pegar firme. Um deles é uma escultura IMENSA da mulher maravilha para um cliente especial. Mais de meio metro de altura, e muito detalhada. Essa vai ser a peça mais ousada que eu já fiz até hoje. Só pra imprimir a matriz, vai levar mais de um mês. Enquanto a Diana imprime, eu vou trabalhando em outros projetos paralelos, porque sabe como é, eu não tenho pena da minha saúde mental. ![]() Outro projeto legal foi idealizado hoje e começou hoje mesmo. Esse é uma coleção de mini bustos de diretores de cinema que meu amigo Leo Luz encomendou e que eu vou replicar e vender. Meu plano é modelar um por semana (ou mais) até fazer uns 15 diretores. O primeiro deles é o Woody Allen que eu modelei hoje na hora do almoço. ![]() Também já estou começando o planejamento de um novo Monster Toy art, na linha do Cramulhão: Também estou preparando a impressão do meu busto clássico de Jesus para um cliente do Rio: Nas horas vagas também estou trabalhando num busto do Ayrton Senna: ![]() Ontem finalizei também um projeto maneiro: Cabeças encolhidas para o meu grande amigo e cliente Rafael Oli. Isso é uma cabeça Jivaro. Os Jivaro são uma tribo peruana que decepa e através de processo químicos de cozimento com ervas, eles encolhem as cabeças dos inimigos e usam para decorar a aldeia e também para fins ritualísticos. Coisa meiga, né gente? A encomenda é um casal mimoso, mas por enquanto só tenho fotos da Falsiane. Fora esses ainda tem mais uns outros projetos em curso, mas ainda não posso falar deles. Ah, eu também dei um gás la na RedBuble e agora a minha lojinha esta com mais produtos com minhas fotografias e desenhos. Entre as paradas que eu gostei de fazer eu destaco: Amanhã tem mais coisa. O post Primeiras esculturas do ano foi criado no blog Mundo Gump. |
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