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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

#Brasil

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Feira virtual de empregos acontece até dia 31 de outubro

Posted: 19 Oct 2016 07:10 PM PDT

Feira online será realizada até o dia 31 de outubro Divulgação

Já começou a 8ª edição da Feira Virtual de Estágios, Trainees e Empregos. Jovens estudantes e profissionais podem participar da feira até o dia 31 de outubro. O evento será realizado em totalmente digital, de forma gratuita, e oferece mais de 10 mil vagas.

O evento é uma realização da Universia e da Trabalhando.com. De acordo com o diretor-geral da Universia Brasil, Luís Cabañas, a proposta da feira virtual é promover a empregabilidade de jovens profissionais e universitários em todo o País.

— A plataforma simula uma feira física e cada empresa possui um estande, onde estão reunidas informações, vídeos e depoimentos sobre a companhia e as vagas disponíveis.

Grandes empresas oferecerão vagas em uma plataforma 3D que pode ser acessada via smartphone, tablet e computador. Além das tradicionais oportunidades de estágios e trainees, a novidade para esse ano são as vagas efetivas. Ao todo, serão ofertadas milhares de vagas e não há limitação de visitantes, informou a organização.

Para ter acesso à feira basta acessar o site e fazer o cadastro gratuitamente. O evento fica no ar 24 horas por dia.

Mulher de Cunha também pode parar na cadeia

Posted: 19 Oct 2016 07:10 PM PDT

Eduardo Cunha foi preso na quarta-feira Pedro Ladeira/19.10.2016/Folhapress

Um dos motivos citados pelo juiz Sérgio Moro para determinar a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), em Brasília, na quarta-feira (19), pode também servir de base para uma possível ordem de prisão contra sua mulher, Cláudia Cruz.

Moro fundamentou a prisão de Cunha não apenas pela suposta influência política do ex-parlamentar, que segundo o juiz seria capaz obstruir o processo, como também pelo fato de as autoridades federais ainda não terem conseguido rastrear todo o dinheiro que teria sido desviado de contratos da Petrobras no Benin, na África.

A Procuradoria da República aponta que o ex-deputado teria recebido propina de US$ 1,5 milhão para "viabilizar" a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin em 2011.

"Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro e a total identificação de sua localização atual, há um risco de dissipação do produto do crime, o que inviabilizará a sua recuperação", diz o juiz, em sua decisão.

O argumento pode estender-se a Cláudia, pois, de acordo com a investigação, o dinheiro destinado a Cunha passou por contas de sua mulher.

Cláudia responde a uma ação diferente da do ex-parlamentar sobre o mesmo caso, devido a um desmembramento do processo. Nesse processo, o Ministério Público Federal imputou a Cláudia o crime de lavagem de dinheiro pela ocultação dos recursos da suposta propina em conta secreta no exterior e também pela utilização desse dinheiro para compra de produtos de luxo.

A mulher do ex-parlamentar, no entanto, não foi até o momento apontada como uma pessoa capaz de obstruir os processos — fato que pode favorecê-la, caso Moro tenha de apreciar um pedido de prisão contra ela.

Tanto Cunha quanto Cláudia negam o recebimento de propina. Na quarta-feira (19), Cunha classificou sua prisão como "absurda".

Interrogatório

Nesta semana, Moro marcou o interrogatório de Cláudia Cruz para o dia 14 de novembro. No mesmo dia prestará depoimento o empresário Idalécio de Oliveira, também denunciado.

Antes, no dia 9, serão interrogados o ex-diretor Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada e o lobista João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras. Ambos também são réus na mesma ação de Cláudia.

O interrogatório é a última etapa antes de o juiz ouvir as alegações finais das defesas e da acusação, últimos argumentos apresentados para o julgamento.

Nele os réus ficarão frente a frente com Moro e poderão responder a todas as acusações do Ministério Público Federal. Caso queiram, eles também poderão exercer o direito de permanecer em silêncio.

A última testemunha da defesa de Cláudia a ser ouvida antes do interrogatório é o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) que vai depor nesta quarta-feira (19).

Além disso, Cláudia arrolou várias testemunhas que residem no exterior, que já foram intimadas via carta precatória. Nestes casos, porém, o juiz da Lava Jato entendeu que não é necessário aguardar a cooperação de outros países para dar continuidade ao processo.

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Advogado diz que federais foram 'educados' com Eduardo Cunha

Posted: 19 Oct 2016 04:17 PM PDT

Cunha foi localizado pela PF por volta de 13h15 em Brasília Pedro Ladeira/Folhapress

O advogado Ticiano Figueiredo, que integra o núcleo de defesa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que os policiais federais que prenderam o ex-deputado nesta quarta-feira (19), na garagem do prédio onde ele ocupava um apartamento funcional em Brasília, na Asa Sul, "foram extremamente educados".

À porta da Polícia Federal em Curitiba, onde o peemedebista chegou escoltado por agentes da PF às 17h05, Figueiredo relatou que na parte da manhã os agentes estiveram na residência de Eduardo Cunha, na Barra da Tijuca, no Rio, mas não o encontraram.

— Por óbvio, [o ex-deputado] ficou sabendo que havia mandado [de prisão] contra ele. Na sequência, um advogado nosso em Brasília deslocou-se até o apartamento [na Asa Sul]. Imediatamente, chegaram os policiais."

Figueiredo contou que "educadamente os policiais esperaram (Eduardo Cunha) guardar suas coisas".

— Eduardo Cunha foi preso no apartamento funcional que ocupava em Brasília.

O ex-deputado foi localizado pela PF por volta de 13h15 na garagem do edifício na Quadra 316 Sul, Bloco B. Estava acompanhado de um de seus defensores. "Ele estava tirando as últimas coisas essa semana do apartamento funcional", relata Ticiano Figueiredo. 

— Os policiais o prenderam na garagem do edifício para evitar exposição e de lá seguiram direto para o hangar da Polícia Federal.

"Todos os factoides que ele (Cunha) estava em uma padaria na Asa Norte e que tentaria fugir não são verdade. Reitero que os policiais, educadamente, aguardaram (Cunha) fazer as malas, aprontar algumas coisas. Saiu pela garagem. Eduardo Cunha não foi algemado em momento algum."

O advogado disse que Eduardo Cunha não reagiu à ordem de prisão. "Ele agiu de forma serena, não reagiu. Pelo contrário."

Sobre a ordem do juiz Sérgio Moro, que decretou a prisão de Eduardo Cunha diante da "possibilidade concreta de fuga", o advogado declarou.

— Qualquer coisa relacionada à fuga o que podemos dizer é que esse pedido prisão ficou no Supremo Tribunal Federal por mais de quatro meses. O Supremo não decidiu [sobre o pedido de prisão apresentado pela Procuradoria-Geral da República], o que significa que não havia elementos para prender. O pedido de prisão é coisa urgente. [Em Curitiba] em menos de uma semana [Cunha] acaba preso, sem qualquer fato novo. Mais importante é esclarecer os motivos da prisão de forma serena.

Futebol, chinelada e isolamento: os dias discretos de Cunha antes da prisão

Posted: 19 Oct 2016 03:49 PM PDT

Cunha optou pelo isolamento desde que perdeu o foro privilegiado BBC Brasil

Na última vez em que apareceu em público desde a cassação de seu mandato de deputado federal, Eduardo Cunha foi alvo de chineladas de uma senhora que tentou agredi-lo no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, aos gritos de "safado" e "bandido".

O episódio, registrado em vídeo na semana passada, viralizou nas redes sociais — e não foi um caso isolado.

Outras cenas de Cunha recebendo xingamentos — e elogios, incluindo selfies — em saguões em São Paulo e Brasília circularam por timelines afora no último mês. "Não vão me constranger", respondeu, atribuindo os ataques a "petistas".

Desde a interrupção da vida pública, entretanto, o ex-deputado preso nesta quarta-feira pela Polícia Federal preferia falar de futebol.

Aos gritos de "ladrão", Cunha leva bolsada em aeroporto. Assista

"E o Mengao, (sic) ontem jogou fora uma chance de ouro. Agora depende dos tropeços do Palmeiras", escreveu, frustrado, em uma longa série de tuítes sobre o empate sem gols entre seu time e o São Paulo, em 1º de outubro.

Futebol é uma das paixões de Cunha - ao lado de religião e política. No mesmo dia, ele pediu votos a seu candidato a vereador no Rio de Janeiro, o também peemedebista Chiquinho Brazão, conhecido por investigações que ligam sua família a milícias fluminenses.

Talvez esta tenha sido sua última vitória política: Brazão foi eleito com quase 24 mil votos para seu quarto mandato na Câmara Municipal.

Isolamento

Habituado à bajulação de políticos, o ex-todo poderoso da Câmara dos Deputados teve que se acostumar com o isolamento desde que perdeu o foro privilegiado em ações penais, com a cassação do mandato em 12 de setembro.

Após uma comemoração que reuniu ministros e governadores, no ano passado, ele festejou seu aniversário de 58 anos no último dia 29 de forma discreta, apenas com a família.

Ação que levou Cunha à prisão aponta desvio superior a R$ 72 milhões

Há pouco mais de um mês, o Congresso decidiu pela cassação de seu mandato e a suspensão de seus direitos políticos por um placar arrebatador: 450 votos a favor, 10 contra e 9 abstenções.

O deputado Carlos Marun (PMDB/MS), um dos principais aliados de Cunha, disse à BBC Brasil estar "triste" com a decisão do juiz Sérgio Moro pela prisão preventiva do ex-colega. 

Marun ganhou destaque na votação da cassação do peemedebista, quando interrompeu a sessão por sete vezes para tentar atenuar a punição de Cunha - julgado por mentir sobre a existência de contas
na Suíça em seu nome.

O defensor solitário de Cunha hoje afirma que "a decisão deixou de ser política e se tornou jurídica".

"O caso saiu da seara parlamentar e foi para o tribunal", disse o peemedebista. O homem mais próximo de Cunha no Congresso não fala com o amigo há três semanas - a última foi por telefone.

"Conversamos pela última vez no aniversário dele (fim de setembro). Ele estava tranquilo, não conversou sobre política", disse.

Pessoalmente, Murun e Cunha estiveram juntos no dia seguinte à cassação. "Era minha obrigação depois de todo esse processo. Depois ele foi se afastando."

Questionado sobre a possibilidade de delação premiada de Cunha, tema nos corredores do Congresso nesta quarta-feira, Marun disse que o parlamentar nunca "disse a pessoas próximas que o faria".

"Mas não dá para pôr a mão no fogo", acrescentou.

Futebol

Dono de mais de 200 domínios na internet com cunho religioso, entre eles Jesus.com, Louvejesus.com, Portaljesusmais.com.br e Facebookjesus.com.br, Cunha desativou o site eduardocunhapresidente.com após o perder o mandato na Câmara.

Inelegível até 2027, ele prefere, no entanto, manter a denominação "deputado" em seus perfis em redes sociais, onde reúne mais de 500 mil seguidores.

Três dias antes da prisão, novamente o futebol dominou os textos publicados por Eduardo Cunha nas redes.

Diferentemente da discrição adotada quando questionado sobre colegas parlamentares na época em que comandava a Câmara, o torcedor flamenguista não poupou críticas a jogadores e comissão técnica.

"Emerson não dá mais para um jogo desses."

"Alan também entrou mal e a sua entrada atrapalhou Diego, que sumiu do jogo depois."

"Continuo achando que o técnico substitui mal."

Os tuítes foram mesclados com mensagens políticas, em que negou acusações e classificou críticos como "mentirosos".

Família

Segundo pessoas próximas, a principal dedicação do ex-parlamentar no momento é defender a jornalista Claudia Cruz, sua mulher, e sua filha, ambas investigadas por corrupção.

Cruz responde a processo sob acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, e é apontada como beneficiária das contas de Cunha na Suíça.

No último domingo, pelo Twitter, Cunha afirmou que reportagens tendenciosas "inventam noticias da minha mulher e da minha familia".

A publicação era uma referência a uma notícia que afirmava que a jornalista havia sido hostilizada no banheiro de um shopping center de luxo no Rio de Janeiro. O casal tem sido visto em mesas discretas de restaurantes da cidade nas últimas semanas.

O ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara foi preso em Brasília nesta quarta-feira por determinação do juiz federal Sérgio Moro. Cunha é acusado pela Operação Lava Jato de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

O Ministério Público Federal afirma que pediu a prisão porque o peemedebista poderia atrapalhar o andamento dos processos em que é acusado e fugir do país, por possuir recursos no exterior e ter dupla cidadania (brasileira e italiana).

Moro também determinou o congelamento de contas bancárias de Cunha.

O ex-deputado nega as acusações. Em nota divulgada por seus advogados, Cunha diz que "trata-se de uma decisão absurda e sem nenhuma motivação".

Planalto nega preocupação com possível delação de Cunha

Posted: 19 Oct 2016 03:42 PM PDT

Decisão de antecipar retorno do Japão já teria sido tomada antes Beto Barata/PR

Apesar de a ordem ser evitar comentários sobre a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha antes da chegada do presidente Michel Temer ao Brasil, o Palácio do Planalto afirmou, nesta quarta-feira (19), que a preocupação do governo com uma possível delação do peemedebista "é zero". "Não há preocupação nenhuma", explicou a Secretaria de Imprensa. "O governo tem reiterado que não há nenhuma interferência na Lava Jato e que as ações são de outro poder, que é completamente independente."

A secretaria esclareceu ainda que os rumores de que Temer teria antecipado seu retorno do Japão para poder "abafar a crise Cunha" não fariam sentido, já que a decisão teria sido tomada há alguns dias. Segundo explicou o órgão de comunicação do Planalto, a decisão foi tomada há pelo menos dois dias, quando uma equipe de pilotos da FAB foi enviada para Seattle para fazer a troca de comando da aeronave. As informações, no entanto, foram repassadas para a imprensa apenas hoje.

O Planalto disse ainda que Temer cumpriu a agenda prevista no Japão e apenas decidiu cancelar a pernoite em Tóquio e encurtar a parada em Seattle — que seria de 20 horas para 1h30 — assim como fez na ida, quando encurtou o tempo de abastecimento em Atenas. Segundo informou a assessoria, o planejamento alterado prevê algumas providências internacionais de pedido de autorização de sobrevoo, o que demonstraria que o retorno de Temer não tem relação com a prisão de Cunha.

Ação que levou Cunha à prisão aponta desvio superior a R$ 72 milhões

A notícia de que Temer antecipou seu retorno coincidiu com a prisão de Cunha e gerou uma onda nas redes sociais de que o presidente já teria sido informado. Apesar disso, um interlocutor do Planalto disse que não há razões para o governo comentar "boatos de redes sociais".

Até o momento, os interlocutores de Temer dizem que o presidente ainda não teria sido informado da prisão de Cunha e que estaria dormindo na cabine do avião presidencial na companhia da esposa, Marcela Temer.

Problemas

Uma das preocupações do governo é sobre o possível impacto da prisão de Cunha na agenda do Congresso. Apesar disso, interlocutores do presidente lembram que na época da cassação do peemedebista também existiu esse temor e o governo conseguiu colocar a sua agenda. "A agenda da Lava Jato é uma e não tem nada a ver com a agenda de tirar o País da crise", disse um interlocutor de Temer.

Fontes do Planalto que conversaram com o presidente em exercício, Rodrigo Maia, que é o presidente da Câmara, afirmaram que ele, ao comentar a prisão de Cunha, disse não acreditar que o episódio pode impactar nas votações. O governo tem como prioridade a votação em segundo turno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita os gastos públicos, agendada para o início da semana que vem.

Procuradoria: Cunha 'ainda mantém influência e indicou cargos do governo Temer'

Posted: 19 Oct 2016 03:28 PM PDT

Há elementos que apontam que durante todo seu período de vida pública, Cunha obteve vantagens indevidas, afirmam procuradores Agência Estado

Ao pedir a prisão preventiva do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba reiterou todos os argumentos já apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, perante o STF (Supremo Tribunal Federal), e acrescentou que, mesmo após ter seu mandato cassado em setembro, o peemedebista "ainda mantém influência nos seus correligionários, tendo participado de indicações de cargos políticos do Governo Temer".

Treze procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba subscrevem o requerimento de prisão de Eduardo Cunha. Os investigadores citam, como exemplo, a nomeação do deputado líder do PR Maurício Quintella, aliado de Cunha, para o Ministério dos Transportes no governo Temer. Na época em que ocupava o cargo de deputado, Quintella votou contra a cassação de Cunha no Conselho de Ética.

"Não há que se falar que seu afastamento do cargo de deputado federal seja suficiente para inibir as atividades obstrutivas do representando, pois mesmo afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha ainda mantém influência nos seus correligionários, tendo participado de indicações de cargos políticos do Governo Temer", diz o pedido de prisão acatado pelo juiz Sérgio Moro.

Ascensão e queda de Eduardo Cunha, um dos políticos mais poderosos do país

Além da nomeação de Quintella, os procuradores da Lava Jato listam em 44 páginas do pedido de prisão e de buscas na residência de Cunha todos as investigações e suspeitas já levantadas contra o peemedebista e seus familiares, incluindo as três denúncias já apresentadas e os sete inquéritos abertos contra ele no Supremo Tribunal Federal como desdobramento da Lava Jato.

Esses inquéritos apuram desde propinas milionárias que Eduardo Cunha teria recebido na Petrobras, na Caixa e em Furnas, como também sua atuação na Câmara junto ao lobista Lúcio Bolonha Funaro para achacar empresas e inimigos políticos.

"Há elementos que apontam que durante todo o seu período de vida pública Eduardo Cosentino da Cunha utilizou-se do cargo para obter vantagens indevidas com a finalidade de possibilitar uma vida de gastos vultuosos para o deputado federal e para a sua família", segue o pedido de prisão apontando ainda que, durante todo o período em que foi investigado, o peemedebista "não poupou esforços para embaraçar as investigações".

"Não suficiente, demonstrou que atuava de forma dissimulada, utilizando de parlamentares laranjas para tomar medidas que visavam o favorecimento pessoal do ex-presidente da Câmara dos Deputados, que sempre apresentavam falsas justificativas de um pretenso interesse público para legitimar os atos de obstrução", assinalam os procuradores da República.

"Todo esse conjunto de fatos demonstram que estão presentes os fundamentos da prisão preventiva para a conveniência da instrução processual", cravam os procuradores.

Candidatos à prefeitura de Santo André evidenciam insatisfação com aliança no passado

Posted: 19 Oct 2016 03:20 PM PDT

Debate foi mediado pelo jornalista Heródoto Barbeiro Reprodução/Record News

Os candidatos que disputam o segundo turno das eleições municipais em Santo André (SP), Paulo Serra (PSDB) e Carlos Grana (PT), participaram nesta quarta-feira (19), na Record News, de um debate mediado pelo jornalista Heródoto Barbeiro.

Durante o encontro, os adversários que participaram da atual gestão à frente do município, Grana como prefeito e Serra como secretário de Obras e Serviços Públicos no município, mantiveram um tom ameno e sem ataques explícitos, mas não esconderam a insatisfação de terem feito parte do mesmo núcleo político.

Grana, que busca a reeleição, até mesmo tentou adotar um tom amigável com seu adversário na disputa pela eleição municipal e chamou recorrentemente seu ex-secretário de "Pulinho". A serenidade, no entanto, não foi recorrente e o petista criticou Serra por ter saído de seu governo para disputar o cargo mais importante do município conta ele.

— A pessoa fica três anos no meu governo, sempre ao meu lado. Fizemos muita coisa nesse período na cidade, mas agora ele está cuspindo no prato que comeu. [...] Paulinho, as pessoas até confundem. Acham que o PT está concorrendo contra o PT.

Serra, por sua vez, pareceu estar menos satisfeito com o governo do qual fez parte, disse que Grana "decepcionou a cidade" e destacou alguns problemas da gestão e, principalmente, do PT, partido ao qual pertence seu adversário.

— Vamos fazer com que a administração da nossa cidade não seja voltada para apenas um partido político. [...] Se todo prefeito tivesse sido secretário, erraria menos. Eu aprendi, inclusive, o que não se deve fazer.

Um dos ápices do encontro aconteceu quando Serra criticou Grana por contratar uma frota de ônibus do município vizinho para atender à população de Santo André.

— A gente quer transporte de qualidade. Eu jamais colocaria dinheiro para a população andar em ônibus emprestado.

Ao responder a acusação, Grana disse que foi vítima de uma tentativa para suspender todo o transporte público do município na semana que precedeu o primeiro turno das eleições.

— Não tínhamos outro caminho a não ser fazer uma licitação emergencial. [...] Trouxemos ônibus da onde foi possível.

Durante o encontro, os candidatos também defenderam propostas para as áreas de saúde, moradia e emprego.

Serra disse que pretende "Candidatos à prefeitura de Santo André evidenciam insatisfação com aliança no passado" e Grana afirmou que já foi credenciado pelo governo para levar a Santo André o primeiro parque tecnológico da região.

No primeiro turno das eleições, Serra foi o mais votado, com 35,85% dos votos válidos. Grana, por sua vez, chegou ao segundo turno com o apoio de 20,28% do eleitorado de Santo André.

Governo quer incluir Judiciário e Legislativo no teto da Previdência

Posted: 19 Oct 2016 01:41 PM PDT

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto pretende incluir os servidores dos Poderes Judiciário e Legislativo no regime único da Previdência, estabelecendo a mesma idade mínima de 65 anos e o mesmo teto de aposentadoria de 5.189 reais pago aos funcionários da iniciativa privada, disse à Reuters uma fonte palaciana.

A decisão de incluir os servidores públicos no regime único já está tomada. Os funcionários do Executivo, no entanto, já estão no regime desde 2013, quando o governo mudou a legislação para impor o mesmo limite da Previdência para os funcionários públicos e criou um fundo complementar.

Já o Legislativo e Judiciário ainda mantêm a aposentadoria integral e é isso que o governo quer mudar. "Tem que mexer, se não a conta não fecha. Especialmente pelos Estados", disse a fonte.

A mudança, no entanto, valeria daqui para a frente. O governo chegou a analisar a possibilidade de incluir os antigos servidores no novo regime.

A briga judicial, no entanto, seria difícil, já que, enquanto na iniciativa privada a contribuição é equivalente a 11 por cento do valor do teto da Previdência, os servidores contribuem com 11 por cento do salário bruto.

Os detalhes das mudanças, no entanto, ainda não estão totalmente definidos. De acordo com a fonte, o presidente Michel Temer está com a minuta em mãos, mas ainda não decidiu sobre alguns pontos.

O envio da proposta ao Congresso, inicialmente programada para o final de setembro, acontecerá apenas depois do segundo turno das eleições municipais, marcado para 30 de outubro. Em viagem internacional, Temer chega de volta ao Brasil nesta quinta-feira, mas ainda se concentrará na votação em segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição que cria um teto para os gastos da União.

As reuniões que o presidente pretende fazer com centrais sindicais, confederações da indústria e os líderes partidários devem acontecer apenas na primeira semana de novembro.

BC reduz Selic a 14%, primeiro corte em 4 anos, e fala em movimento "gradual"

Posted: 19 Oct 2016 01:33 PM PDT

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a 14,00 por cento ao ano, em decisão unânime e no primeiro corte desde 2012 diante do cenário de menor inflação e com a atividade econômica ainda sem dar sinais consistentes de recuperação.

"O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta para 2017 e 2018 é compatível com uma flexibilização moderada e gradual das condições monetárias", informou o BC em comunicado, no qual reduziu a projeção de inflação de 2017, pelo cenário de referência, para em torno de 4,3 por cento, com a perspectiva para 2018 em cerca de 3,9 por cento.

"O Comitê avaliará o ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de modo a garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento", acrescentou.

Em pesquisa Reuters, a mediana das expectativas apontava para diminuição de 0,25 ponto percentual na Selic. Dos 50 economistas consultados, no entanto, 23 previram esse movimento e outros 23 estimaram corte de 0,5 ponto percentual, enquanto que quatro apontaram a manutenção da taxa básica.

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(Por Marcela Ayres)

Propina pagou casamento da filha de Cunha no Copacabana Palace, diz Lava Jato

Posted: 19 Oct 2016 01:30 PM PDT

Maioria dos pagamentos das despesas do casamento foi feita em dinheiro Reprodução

No pedido de prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Ministério Público Federal destacou que dinheiro de propina recebida pelo peemedebista bancou despesas globais de R$ 267,3 mil do casamento de sua filha Danielle Dytz da Cunha no tradicional hotel Copacabana Palace.

"O dinheiro usado para o pagamento do casamento de Danielle Cunha era proveniente de crimes contra a administração pública praticados pelo seu pai", afirma a força-tarefa da Lava Jato, que analisou dados da quebra de sigilo fiscal realizada pela Receita Federal.

Eduardo Cunha foi preso nesta quarta-feira (19), por ordem do juiz Sérgio Moro, a pedido da Procuradoria da República, no Paraná.

Danielle Cunha casou-se no Copacabana Palace em 25 de junho de 2011. O hotel foi questionado pela Lava Jato a "discriminar todos os serviços prestados, tais como aluguel/locação de salões, hospedagem, fornecimento de alimentos/bebidas, segurança, fotografia, cerimonial, equipamento de som, conjunto musical, serviços de decoração, informar nome e CPF/CNPJ das pessoas físicas e jurídicas que também prestaram serviços, caso algum dos serviços não tenham sido prestados pelo hotel e a informar de que maneira foram realizados os pagamentos pelos serviços prestados, acompanhado de documentação comprobatória".

O Copacabana Palace informou, segundo a força-tarefa da Lava Jato, que recebeu de Danielle Cunha R$ 35,7 mil em 4 de abril de 2011, R$ 100 mil em 6 de junho de 2011 e R$ 131,684 mil em 17 de junho de 2011. O hotel declarou também que, a pedido de Danielle Cunha, as notas fiscais foram emitidas em nome da C3 Produções Artísticas e Jornalísticas — empresa de Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha e madrasta de Danielle.

O Copacabana informou que emitiu nota fiscal de R$ 266.205,90 pelos serviços prestados em favor da C3 Produções e outra nota, de R$ 1.178,10, em favor de Danielle Cunha.

O hotel comunicou a força-tarefa sobre outros prestadores de serviços do casamento. A Receita intimou os serviços de fotografia, decoração, móveis para eventos, toldos para eventos, cerimonial, floricultura e iluminação.

Cassado há mais de um mês, Eduardo Cunha ainda ocupava apartamento funcional em Brasília

Com "empurrão" de PC Farias, carreira de Cunha tem suspeitas de irregularidades desde os anos 90

"Todos prestadores de serviços, salvo o decorador Daniel Cruz (que afirmou que recebeu por transferências bancárias da C3) afirmaram que receberam seus pagamentos por intermédio de depósito bancário em dinheiro", aponta o documento da Procuradoria.

A Receita Federal concluiu: "Ao analisarmos a contabilidade da empresa C3 Produções Artísticas e Jornalísticas, verificamos que não há lançamentos contábeis relativos às despesas do casamento. Igualmente, também não foram localizados, nos extratos bancários da C3 Produções, os respectivos pagamentos dessas despesas."

Análise preliminar do Fisco não identificou saques nas contas bancárias de Danielle Cunha que "permitissem a ela efetuar os depósitos nas contas dos prestadores de serviços".

"Ao que tudo indica, a maioria dos pagamentos das despesas do casamento foi feita em dinheiro, muitas vezes de forma fracionada e sem a identificação do depositante", diz relatório da Receita.

Para a força-tarefa, "embora a questão ainda mereça maior aprofundamento, resta claro que o dinheiro usado para o pagamento do casamento de Danielle Dytz da Cunha era proveniente de crimes contra a administração pública praticados pelo seu pai, o ex-deputado federal Eduardo Cunha".

Cunha já está na sede da Polícia Federal em Curitiba

Posted: 19 Oct 2016 01:04 PM PDT

Movimentação na sede da PF quando o ex-deputado chegou Lima/Framephoto/Estadão Conteúdo

O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) chegou à sede da Polícia Federal em Curitiba, em uma viatura descaracterizada, sob vaias de manifestantes e uma intensa movimentação de jornalistas nesta quarta-feira (19), por volta de 17h05. O ex-poderoso presidente da Câmara vai passar sua primeira noite na prisão da Lava Jato.

Na carceragem da PF também estão o empreiteiro Marcelo Odebrecht — capturado em 19 de junho de 2015 e agora negociando delação premiada —, o doleiro Alberto Youssef e outros personagens da Lava Jato.

Eduardo Cunha deve ficar isolado e amanhã será levado ao Instituto Médico Legal para exames de corpo de delito, uma praxe policial para verificação do estado de saúde do prisioneiro. O advogado Ticiano Figueiredo, que integra o núcleo de defesa do ex-deputado, o aguardava na PF.

O peemedebista foi preso por volta de 13h15 desta quarta, na garagem do edifício localizado na 316 Sul, Bloco B, em Brasília. Eduardo Cunha estava acompanhado de um advogado.

Ação que levou Cunha à prisão aponta desvio superior a R$ 72 milhões

Denúncias

A primeira denúncia contra Cunha veio em agosto de 2015, e acusa o parlamentar de corrupção e lavagem de dinheiro por ter recebido ao menos US$ 5 milhões em propinas referentes a dois contratos de construção de navios-sonda da Petrobras.

Por unanimidade, o Supremo aceitou a acusação em março deste ano e tornou Cunha o primeiro político réu na Lava Jato. Nesta denúncia ele responde por corrupção e lavagem de dinheiro.

No mesmo mês, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou a segunda denúncia contra o peemedebista, desta vez por manter contas não declaradas no exterior utilizadas para receber propina, também no esquema de corrupção na Petrobras. A denúncia teve origem na investigação da Suíça que, graças a um acordo de cooperação internacional, foi encaminhada ao Brasil para que o político pudesse ser processado no País.

Mais uma vez por unanimidade, o Supremo aceitou a acusação contra o parlamentar, que passou a responder novamente por corrupção, lavagem e, pela primeira vez, por evasão de divisas.

Em 10 de junho deste ano, Janot apresentou a terceira denúncia contra o peemedebista, desta vez por suspeita de desviar dinheiro do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) nas aplicações que o fundo fazia em obras. A acusação tem como base a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto e descreve em detalhes o suposto esquema ilegal instalado no banco público.

Conforme o procurador-geral, Cunha solicitava propina de grandes empresas para que Cleto viabilizasse a liberação de recursos do FGTS. O caso está sob sigilo na Corte e aguarda uma decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal que não decidiu ainda se aceita a denúncia.

Estudantes podem renovar a matrícula no Fies; sistema é reaberto

Posted: 19 Oct 2016 12:59 PM PDT

Os estudantes beneficiados podem acessar o sistema online Thinkstock

O MEC (Ministério da Educação) reabriu o SisFies (Sistema do Fundo de Financiamento Estudantil) para renovação das matrículas do segundo semestre deste ano. A renovação, que geralmente ocorre no início do semestre, estava suspensa, devido a atrasos de pagamento. Os estudantes beneficiados podem acessar o sistema online e iniciar o processo de aditamento.

O Fies oferece financiamento de cursos em instituições privadas a uma taxa de juros de 6,5% ao ano. O percentual do custeio é definido de acordo com o comprometimento da renda familiar mensal bruta per capita do estudante. Atualmente, 2,1 milhões de estudantes participam do programa.

No dia 7 de outubro, o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) já havia aberto o sistema para as faculdades darem o passo inicial nas renovações de contrato, que é pedir o aditamento no SisFies. Em pouco mais de dez dias, já foram requisitadas as renovações de mais de 750 mil contratos.

Agora, basta os estudantes validarem as informações no sistema e, no caso de aditamentos não simplificados, procurar os agentes financeiros do Fies (Caixa ou Banco do Brasil) para formalizarem a renovação dos contratos.

Todo semestre os estudantes precisam fazer a renovação dos contratos. O aditamento deste semestre foi liberado após a aprovação pelo Congresso Nacional de projeto de lei que concede crédito suplementar ao MEC. Desta forma, o MEC conseguirá quitar as dívidas relativas aos pagamentos com serviços de administração de contratos prestados por bancos. Com isso, os repasses às instituições privadas de ensino superior poderão ser normalizados.

De acordo com o Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior), a medida atinge 1.863.731 alunos de 1.358 instituições particulares de ensino.

MEC cancelará Enem em escolas ocupadas se protestos continuarem depois do dia 31

Posted: 19 Oct 2016 12:39 PM PDT

Eealização do Enem está prevista em 181 escolas ocupadas, sendo 145 delas localizadas no Paraná Dirceu Portugal/ 14.10.16/ Fotoarena/ Estadão Conteúdo

O ministro da Educação, Mendonça Filho, anunciou hoje (19) que vai cancelar a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) nas escolas ocupadas por estudantes em protesto no País, caso não sejam desocupadas até o dia 31 de outubro.

— Espero que essa decisão não chegue a termo, que até o dia 31 o consenso prevaleça e os jovens desocupem e que as entidades que estão patrocinando as ocupações colaborem nessa direção.

Caso seja cancelada, a prova será posteriormente remarcada para esses estudantes.

Segundo o MEC (Ministério da Educação), a realização do Enem está prevista em 181 escolas ocupadas, sendo 145 delas localizadas no Estado do Paraná. No total, as escolas ocupadas, onde estão previstas as provas, se distribuem em 11 Estados e impactam 95.083 candidatos.

Perguntado se não haveria a possibilidade de transferir os locais de prova, o ministro diz que "não tem logística" e acrescenta:

— Não pode ficar submetida ou submeter a prova à conveniência de uma ocupação ou desocupação pela vontade de determinado grupo. Vamos ter que suspender a prova naquela localidade.

Para esses alunos, a prova será remarcada para data ainda a ser confirmada pelo MEC. O ministro diz ainda que isso significará um custo adicional de R$ 90 por prova. A pasta acionou a AGU (Advocacia-Geral da União) para responsabilizar os atores cabíveis nesse processo. Mesmo que remarcada, a correção será feita a tempo para que os estudantes participem do Sisu (Sistema de Seleção Unificada).

As ocupações que ocorrem no País têm como alvo principal a Medida Provisória do Novo Ensino Médio, encaminhada no mês passado ao Congresso. Os estudantes dizem temer a precarização do ensino caso os repasses para educação sejam reduzidos e pedem a possibilidade de uma contraprosposta. Além disso, protestam contra o limite de gastos do governo imposto pela PEC (Proposta de Emenda a Constituição) 241/2016.

Segundo o ministro, a discussão de uma reforma do ensino médio é feita desde 1998.

— Eu acho um absurdo falar em precarização, não tem como encarar esse contexto trágico [do atual ensino médio] e ficar olhando a banda passar. Tem que agir e estamos agindo na urgência e na relevância que o assunto merece. Quem quer discutir, participa de audiência pública no Congresso Nacional e até de protestos, mas não pode impedir quem quer se submeter à prova do Enem.

O Enem será realizado nos dias 5 e 6 de novembro. Ao todo, mais de 8,6 milhões de candidato confirmaram a inscrição. Eles farão as provas em 1.700 municípios e 16 mil locais de prova.

Com "empurrão" de PC Farias, carreira de Cunha tem suspeitas de irregularidades desde os anos 90

Posted: 19 Oct 2016 12:21 PM PDT

Cunha nega envolvimento em esquema de PC Farias Agência Estado

O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato na tarde desta quarta-feira (19), atuou em campanhas para o governo do Rio de Janeiro nos anos 80, mas foi em 1991 que passou a exercer um cargo público, o de presidente da Telerj, a estatal de telecomunicações do Rio de Janeiro, no governo de Moreira Franco (PMDB), atualmente secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do governo Michel Temer (PMDB).

Para a nomeação, Cunha contou com a ajuda de Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor à Presidência da República. A gestão de Cunha à frente da Telerj foi marcada por acusações de irregularidades em licitação.

No começo dos anos 90, Cunha também negou envolvimento no esquema de PC Farias após ser acusado de integrar rede para levantar recursos ilegais de empresários.

Com a queda de Collor, o deputado federal cassado foi substituído no comando da Telerj. Em carta ao conselho de administração da estatal, Cunha alegou motivos pessoais para renunciar ao cargo. "A Telerj nunca foi investigada e contra ela não foi levantada qualquer suspeita", escreveu à época, segundo reportagem de 1993 do jornal O Estado de S.Paulo.

No entanto, Cunha retornou à Telerj três anos depois do afastamento, em 1996, e presidiu a estatal até a sua privatização dois anos depois.

Ele também integrou o governo de Anthony Garotinho (1998-2002) no comando da Cehab (Companhia Estadual de Habitação). A curta passagem foi pontuada por denúncias, como tráfico de influência, fraudes em licitações e desvios de taxas cobradas por cartórios, conforme informou a imprensa à época. Entre elas, Cunha foi acusado de favorecer empreiteira vencedora de concorrências consideradas irregulares pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).

As irregularidades foram denunciadas em 2001 pelo TCE, mas o processo foi arquivado com base em um documento que, mais tarde, foi considerado falso. Mais de dez anos depois, o TCE reabriu as investigações sobre fraudes em contratos da Cehab durante a gestão de Cunha.

Ação que levou Cunha à prisão aponta desvio superior a R$ 72 milhões

Posted: 19 Oct 2016 12:08 PM PDT

Eduardo Cunha foi preso nesta quarta-feira (19) Fabio Rodrigues Pozzebom/30.03.2016/Agência Brasil

O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso na manhã desta quarta-feira (19) por determinação do juiz Sérgio Moro, que comanda as investigações da Lava Jato em primeira instância. No despacho que justifica a prisão de Cunha, o juiz aponta irregularidades cometidas pelo peemedebista que ultrapassaram os R$ 72 milhões.

A decisão de Moro cita que o ex-deputado teria utilizado contas secretas na Suíça para receber cerca de R$ 1,5 milhão (1,3 milhão de francos suíços) de dinheiro de propina, embolsado R$ 52 milhões em 36 parcelas referentes às obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e, pelo recebimento de, no mínimo, US$ 5 milhões em propinas referentes a dois contratos de navios-sonda da Petrobras em 2006 e 2007.

Apesar de apontar os três inquéritos, o despacho de Moro solicita ainda o bloqueio de mais de R$ 220 milhões de bens do ex-presidente da Câmara.

Cunha: de líder do impeachment a preso pela Lava Jato

Sobre as contas secretas que Cunha manteve na Suíça, o despacho afirma que foram realizadas cinco transferências entre os dias 30 de maio de 2011 e 23 de junho de 2011. Os quatro primeiros repasses foram realizados no valor de 250 mil francos suíços e o último de 311 mil francos suíços. 

— Da conta em nome da off-shore Acona Internacional, foram realizadas transferências no total de 1.311.700,00 francos suíços, correspondentes a cerca de US$ 1,5 milhão, para a conta de nº 4548.1602 no Banco Julius Baer (sucessor do Merrill Lyinch), em Genebra, em nome de Orion SP.

Os outros US$ 5 milhões citados teriam sido utilizados para facilitar e viabilizar a contratação do estaleiro Samsung Heavy Industries, empresa responsável pela construção dos navios-sondas Petrobras 10000 e Vitoria 10000, sem licitação, por meio de contratos firmados em 2006 e 2007.

Moro aponta 'caráter serial dos crimes' de Eduardo Cunha

Em relação ao maior valor desviado, referente às obras do Porto Maravilha, Eduardo Cunha é apontado como o mediador na liberação de R$ 52 milhões do FI-FGTS — fundo de investimento de natureza privada que tem o objetivo de viabilizar a aplicação de recursos do FGTS ((Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em investimentos em empreendimentos dos setores de infraestrutura, como Porto Maravilha.

Moro afirma que o pagamento das propinas referentes ao Porto Maravilha teria sido feito em 36 vezes em contas desconhecidas na Suíça e em Israel.

— O envolvimento de Eduardo Cosentino da Cunha em crimes envolvendo recursos do FI-FGTS e obras no Porto Maravilha foi objeto de depoimentos de dirigentes da Carioca Engenharia e que relataram não só o pagamento de propinas, mas a realização dela em duas contas secretas no exterior, uma no Israel Discount Bank, outra aparentemente no Banco BSI, em benefício do então parlamentar.

Há um ano, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Cunha e pediu a devolução de R$ 254 milhões (US$ 80 milhões) ao ex-deputado. A decisão de Janot solicitava a ""restituição do produto e proveito dos crimes no valor de US$ 40 milhões e a reparação dos danos causados à Petrobras e à Administração Pública também no valor de US$ 40 milhões".

A denúncia do PGR indicava ainda que o ex-deputado teria utilizado a Igreja Assembleia de Deus para receber R$ 250 mil referentes a propina transferida por empresas ligadas a Júlio Camargo.

Cunha classifica prisão de "decisão absurda" e diz que advogados tomarão medidas

Cassado há mais de um mês, Eduardo Cunha ainda ocupava apartamento funcional em Brasília

Posted: 19 Oct 2016 11:54 AM PDT

Cunha foi preso preventivamente no início da tarde desta quarta-feira (19) perto do apartamento funcional Wilson Dias/Agência Brasil

Cassado em 13 de setembro, Eduardo Cunha tinha até a última quinta-feira (13) para devolver o apartamento funcional que ocupava na Asa Sul, em Brasília. Mas, de acordo com a 4ª secretaria da Casa, que admnistra os funcionais, Cunha não havia devolvido as chaves do imóvel. 

Cunha foi preso preventivamente no início da tarde desta quarta-feira (19) perto do apartamento funcional

O deputado cassado, chegou, inclusive a ser notificado por escrito que as chaves precisavam ser entregues diretamente na 4ª secretaria, já que circulava a informação de que ele tinha a intenção de passar as chaves diretamente ao deputado que iria ocupar o imóvel após a sua saída. 

O uso do apartamento funcional a Eduardo Cunha foi concedido em ato da Mesa Diretora da Câmara em 21 de julho, após, portanto, a renúncia à presidência da Câmara e antes da cassação. 

Cunha ficou na casa da Presidência até 28 de julho, quando mudou-se para o apartamento funcional Carolina Martins/R7

Cunha renunciou à presidência da Câmara no dia 7 de julho e, desde então, perdeu o direito de usar a residência oficial e regalias como avião da Força Aérea Brasileira e segurança pessoal, direitos dos parlamentares que ocupam a presidência da Câmara e do Senado. Antes do fim do prazo para desocupar a casa da presidência, que seria em 7 de agosto, Cunha entrou em contato com a Diretoria Geral da Câmara e solicitou o apartamento funcional.

O ato da Mesa substituiu outro, editado em 13 maio, que viabilizou a permanência de Cunha na residência oficial, enquanto estivesse afastado do mandato e da presidência da Câmara por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). À época, esse ato foi inspirado nas regras que o Senado fixou para a presidenta Dilma Rousseff, depois de ser afastada em razão do processo de impeachment.

A casa da presidência da Câmara é uma mansão na área mais valorizada de Brasília, a penísula dos ministros, no Lago Sul. Às margens do Lago Paranoá, a quadra é considerada muito segura por ter um único acesso, monitorado.

PM apreende adesivos com mensagens ligando Kalil ao PT

Posted: 19 Oct 2016 11:52 AM PDT

Adesivos sugerem ligação entre Kalil e PT Record Minas
Material não tem registro e nem origem Reprodução / Whatsapp

A Polícia Militar (PM) apreendeu, na noite desta terça-feira (18), adesivos de campanha política sem registo, no centro de Belo Horizonte, com mensagens contra o candidato à prefeitura da capital Alexandre Kalil (PHS). De acordo com a polícia, uma ativista política e membros do comitê do candidato trocaram acusações. Os envolvidos e o material foram encaminhados à Polícia Federal.

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De acordo com o boletim de ocorrência, a PM foi acionada por um membro do comitê de Kalil que informou que adesivos ilegais estavam sendo colados em carros na Praça Sete, no centro da capital mineira. No local, os militares encontraram três veículos com os adornos que traziam a mensagem: "Votar no Kalil é votar no PT. PT nunca mais!". Um dos carros estava plotado, também, com adesivos do candidato João Leite (PSDB).

Ainda segundo a polícia, uma mulher, de 33 anos, alegou que é ativista política e disse que mandou confeccionar os adesivos para serem utilizados em protestos. Segundo a PM, testemunhas confirmaram atrito verbal entre a mulher e um membro do comitê do candidato Alexandre Kalil. Os militares informaram, ainda, que sete pessoas estavam envolvidas na confusão e, todas elas, foram encaminhadas à Polícia Federal (PF), junto com o material apreendido para averiguação de crime eleitoral.

Em nota, a PF confirmou o recebimento do material com conteúdo irregular e supostamente difamatório, na madrugada desta quarta-feira (19). Segundo a PF, os adesivos foram encaminhado para a Justiça Eleitoral para avaliar uma possível abertura de inquérito para apurar os fatos.

Repúdio

A assessoria de Kalil, informou que eles repudiam a ação de pessoas que, segundo eles, estariam ligadas à campanha do PSDB e classificou o acontecimento como "maus hábitos da velha política". Procurada, a coligação "Juntos por BH", de João Leite, informou que é lamentável e irresponsável as declarações da candidatura Kalil. A coligação reafirma que desconhece os fatos e defende o total esclarecimentos dos mesmos.

João Leite e Alexandre Kalil estão disputando a prefeitura de BH, no segundo turno. No primeiro turno, Leite ficou em primeiro lugar com 33,40% do eleitorado e Kalil, em segundo, com 26,56% dos votos.

Cunha classifica prisão de "decisão absurda" e diz que advogados tomarão medidas

Posted: 19 Oct 2016 11:43 AM PDT

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha usou as redes sociais, nesta quarta-feira (19), para criticar a decisão do juiz Sérgio Moro que determinou sua prisão na Lava Jato, que classificou de "absurda".

Cunha disse que Moro se baseou em uma ação cautelar que já havia sido extinta pelo Supremo Tribunal Federal e afirmou que o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba citou fatos relativos a inquéritos que não estão sob sua jurisdição ao fundamentar a decisão de prendê-lo.

"Trata-se de uma decisão absurda, sem nenhuma motivação e utilizando-se dos argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal", afirma a nota do ex-deputado.

"A referida ação cautelar do Supremo, que pedia minha prisão preventiva, foi extinta e o juiz, nos fundamentos da decretação de prisão, utiliza os fundamentos dessa ação cautelar, bem como de fatos atinentes a outros inquéritos que não estão sob sua jurisdição", acrescentou.

Ascensão e queda de Eduardo Cunha, um dos políticos mais poderosos do país

Cunha foi preso nesta quarta-feira pela Polícia Federal em Brasília por determinação de Moro, que atendeu pedido da força-tarefa da Lava Jato. Os procuradores argumentaram no pedido de prisão que, em liberdade, Cunha poderia atrapalhar as investigações e que poderia fugir, já que teria recursos ainda ocultos no exterior e tem dupla cidadania brasileira e italiana.

"Meus advogados tomarão as medidas cabíveis para enfrentar essa absurda decisão", acrescentou Cunha na nota.

Ascensão e queda de Eduardo Cunha, um dos políticos mais poderosos do país

Posted: 19 Oct 2016 10:29 AM PDT

Eduardo Cunha, cuja trajetória política remonta à era Collor, se defendeu antes da cassação negando ter contas no exterior AG CÂMARA

Após ser alvo do mais longo processo de cassação da história da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso nesta quarta-feira em Brasília. A prisão dele é preventiva e por tempo indeterminado.

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, determinou a prisão na terça-feira, a pedido do Ministério Público Federal.

Os procuradores consideram - e Moro acatou os argumentos - que Cunha pode atrapalhar o andamento do processo, e apontaram "possibilidade concreta de fuga" pelo fato de Cunha ter dupla nacionalidade (italiana e brasileira) e recursos ocultos no exterior.

Na semana passada, Moro assumiu o processo que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-deputado federal. A ação penal trata da existência de contas não-declaradas na Suíça em nome do ex-parlamentar.

Como o STF já havia aceitado a denúncia, Moro apenas continuou o julgamento do caso, a partir de onde o processo parou na Suprema Corte.

'Prisão é absurda e sem fundamento', diz defesa de Cunha

O processo foi enviado para a primeira instância depois que o ex-deputado teve o mandato cassado pela Câmara, em setembro, e perdeu o foro privilegiado.

Com 450 votos a favor, dez contra e nove abstenções, a cassação por quebra de decoro parlamentar tornou Cunha ficha-suja e o deixou inelegível até janeiro de 2027.

O ex-presidente da Câmara foi acusado de mentir na CPI da Petrobras, em 2015, ao negar ser titular de contas no exterior. Na Câmara, onde presidiu importantes comissões, como a de Constituição e Justiça, e liderou a bancada do PMDB, era conhecido como o "malvado favorito" de muita gente.

Para muitos, ele foi visto como um dos principais rivais de Dilma Rousseff, por ter iniciado, com sucesso, o processo de impeachment contra a presidente e que tirou o PT do poder após 13 anos.

Sua trajetória, contudo, remonta ao período da era Collor (1990-1992).

Abaixo um perfil de Cunha, um dos principais personagens da história política recente do país:

Em 1992 já havia um "Fora Cunha". Naquele ano, em meio à turbulência em torno do processo de impeachment de Fernando Collor de Mello, o Sindicato dos Trabalhadores em Comunicação do Rio de Janeiro exigia a saída do economista Eduardo Cosentino da Cunha da presidência da companhia telefônica estadual. "Um collorido na presidência da Telerj", denunciava o cartaz de protesto.

Hoje o "Fora Cunha" é uma hashtag e estampa cartazes e faixas contra o ex-collorido da Telerj que, quando esteve no comando da Câmara dos Deputados, era visto como um dos políticos mais poderesos do país. Foi ele quem deu início ao trâmite do processo de impechment da presidente Dilma Rousseff. Conduziu o processo de admissibilidade do impeachment na condição de réu no Supremo Tribunal Federal sob suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva - acusações que ele rechaça.

Deputados levaram cartazes "Fora Cunha" para a sessão que cassou o mandado do ex-presidente da Câmara AG CÂMARA

Com sua cassação, o principal opositor de Dilma ficará longe dos cargos públicos até 2027. Agora preso, fica ainda mais incerto o papel que ele exercerá daqui em diante nos bastidores da crise política do país.

Seja como for, para o ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no processo do mensalão, Cunha foi o "adversário mais à altura" que o PT já enfrentou em seus 13 anos de governo.

Entenda as denúncias contra Eduardo Cunha

"Lula nunca esperou encontrar um bandido da mesma qualidade moral, intelectual que ele", disse Jefferson em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no último dia 31 de março.

Cunha, entretanto, tem muitos admiradores. "Ele é um político ousado, inteligente, disciplinado e trabalhador. Reúne todas essas qualidades. Leva isso ao extremo", elogiou o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) à BBC em maio, quando ainda era um principais aliados de Cunha na encarniçada guerra contra o PT.

Em seguida, Maia virou um de seus maiores desafetos. Foi ele quem conduziu a sessão que cassou o mandato de Cunha.

De fato, Cunha sempre foi um político aplicado. Estudava os regimentos da Câmara com afinco, como na época em que era um estudante discreto, de cabelos compridos e óculos "fundo de garrafa" que sempre tirava boas notas, como conta um perfil publicado pelo jornal O Globo.

Mas nada em seu comportamento escolar nos anos 1970 (ele nasceu em 1958) indicava que Cunha estaria hoje no centro do noticiário político do país, não apenas por ter sido cassado mas também por seu papel de principal opositor ao Poder Executivo.

PC Farias indicou Cunha para ser o tesoureiro de campanha de Collor no Rio AFP

Tesoureiro de campanha de Collor

"Cunha não era politizado quando jovem. Nunca foi de movimento estudantil nem de associação de moradores", conta o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), ferrenho adversário do peemedebista.

"Ele vinha de uma família de classe média, era tijucano (morador do bairro da Tijuca, zona norte do Rio) como eu, e ingressou na política com um objetivo claro de ascensão social."

Seu primeiro partido foi o PRN (Partido da Reconstrução Nacional): em 1989, ele ajudou a eleger Collor presidente, como tesoureiro do comitê de campanha no Rio, a convite "da figura mais nefasta daquele grupo, o Paulo Cesar Farias", relata Alencar.

Moro aponta 'caráter serial dos crimes' de Eduardo Cunha

Como se vê, a pecha de "collorido" que Cunha carregava em 1992 não era gratuita. Foi o próprio PC quem sugeriu a Collor nomeá-lo para a presidência da Telerj, em 1991. Antes de ingressar no mundo dos cargos comissionados, ele teve passagens como economista pelas empresas Arthur Andersen e Xerox.

Em sua gestão na telefônica, teve um papel importante na implementação da telefonia celular no Rio. Também foi envolvido, pela primeira vez, num escândalo de superfaturamento. A segunda vez veio em 2000, quando foi afastado da Companhia Estadual de Habitação (Cehab) por denúncias de contratos sem licitação e favorecimento a empresas fantasmas.

Ele havia sido nomeado pelo então governador Anthony Garotinho (hoje no PR), hoje um ferrenho desafeto, apenas seis meses antes.

Para deputado do PSOL Glauber Braga, Cunha é 'mentor do acordão e articulador das ações' de Temer AGÊNCIA PT

Conta na Suíça

Entre a Telerj e a Cehab, Cunha foi apadrinhado pelo empresário e deputado federal Francisco Silva, dono da rádio gospel Melodia, evangélico como ele, e tornou-se radialista. Passou também a frequentar os cultos da Igreja Assembleia de Deus, onde construiu sua base eleitoral.

Nessa época ele já se casara com a jornalista Claudia Cruz, apresentadora do noticiário RJTV, da TV Globo, a quem convidara para ser "a voz" da Telerj.

O trabalho virou romance e, juntos, tiveram uma filha, Bárbara (ele tem outros três filhos do primeiro casamento). Levavam uma vida de alto luxo: jantares em restaurantes caríssimos de Paris, aulas de tênis em Nova York que custaram US$ 60 mil, carros de alto luxo. O dinheiro que bancou esses prazeres está sendo investigado na Operação Lava Jato.

Claudia também é sócia de Cunha em diversas empresas suspeitas (entre elas, uma chamada Jesus.com) e titular de uma conta irregular na Suíça, bloqueada a partir da investigação. Nada que surpreenda Chico Alencar. "Ele sempre lidou com denúncias de negociatas em sua trajetória", diz o deputado do PSOL.

Alencar e Cunha se conheceram pessoalmente quando se elegeram deputados estaduais, em 1998. Cunha entrou como suplente; teve apenas 15 mil votos, menos de sete por cento dos 232 mil que o tornaram o terceiro deputado federal mais votado do Rio em 2014.

"Naquela época ele era bem mais discreto, mas sempre foi considerado uma figura ardilosa", recorda Chico.

Cunha teve uma legião de seguidores na Câmara, mas também muitos críticos AFP

Um terço da Câmara

Essa discrição acabou em 2014, quando Cunha liderou um "blocão" que exigia do governo mais cargos para os aliados. Como forma de pressão, passou a impor derrotas na Câmara a Dilma e ao PT, a quem já havia ajudado em momentos importantes, como na CPI do Apagão Aéreo, em 2007, quando já estava havia quatro anos no PMDB e era vice-líder do partido, com um séquito de seguidores.

Fiel companheiro de Cunha no impeachment de Dilma, o sindicalista Paulinho da Força, líder do partido Solidariedade, afirmou em maio que 180 dos 513 deputados federais dançavam conforme a música que o antigo aluno de óculos "fundo de garrafa" tocava. Quase um terço da Câmara.

Quando ainda estava presidindo a Câmara, Cunha, de fato, tinha ao seu lado um verdadeiro um exército legislativo conquistado com uma habilidade específica: "Ele cumpre tudo o que diz. Isso tem valor na Câmara; geralmente político fala e não cumpre. A lealdade e o compromisso com as pessoas o tornaram forte", avaliava Paulinho.

Para o deputado André Moura, do PSC, que se absteve de votar na sessão que cassou o deputado, o "presidente Eduardo", como o chamava, dignificava o Parlamento. "Ele devolveu o protagonismo ao Legislativo. Deu altivez a essa casa", opinou em maio o sergipano, que foi membro da "tropa de choque" dos aliados de Cunha.

"Apesar de todos os problemas pessoais que tem enfrentado, o presidente Eduardo consegue pautar e botar para votar matérias importantes, como o pacto federativo, a redução da maioridade penal e a reforma tributária", dizia Moura.

Cunha se tornou o maior pesadelo de Dilma Rousseff, que o acusa de ter agido por "vingança" AFP

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) via a gestão de Cunha de uma forma bem distinta.

"É um ditador na presidência da Câmara. Patrocina projetos de lei reacionários e alguns absurdos, como o projeto de lei do Dia do Orgulho Hétero. A figura dele é emblemática do que há de pior na política nacional", afirmava à época.

Glauber Braga (PSOL-RJ) fazia coro. "Não tem limites no exercício e na conquista do espaço político. E hoje ele tem muito mais espaço para impor sua agenda retrógrada. Ele usa todos os instrumentos para ter acesso a um mecanismo de poder sem limites. Tenho convicção de que o mentor do acordão e articulador das ações do (vice-presidente) Michel Temer é o Cunha", diz o deputado.

Roteiro de série

Em 15 de março de 2014, o jornal gaúcho Zero Hora publicou reportagem em que apontava Cunha como "o homem capaz de balançar a aliança entre peemedebistas e petistas". No último 29 de março, o presidente da Câmara festejou o rompimento com o governo ao lado do senador Romero Jucá (também investigado pela Lava Jato) e outros peemedebistas.

"Ele buscou uma independência harmoniosa entre os poderes, mas o Palácio (do Planalto) nunca aceitou isso. Essa foi a origem dos problemas", diz André Moura. "Ele se elegeu com base no poder econômico, com financiamento de caixa 2 de empresas, é réu no STF e, por isso, não tem legitimidade", rebate o petista Damous.

Cunha é acusado, na Lava Jato, de receber propinas milionárias: por um contrato de navios-sondas da Petrobras teria recebido US$ 5 milhões; das empresas ligadas ao Porto Maravilha (no Rio de Janeiro), a soma chegaria a R$ 52 milhões. Seu nome também figura na lista de offshores reveladas pelos Panama Papers.

Com base em fatos apurados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Cunha ao STF em setembro do ano passado. Ele nega todas as acusações e diz que é perseguido, inclusive por Janot.

Cunha evitou comemorar, ao menos publicamente, as fases do processo de impeachment contra Dilma AG CÂMARA

Mas o marco do seu antagonismo derradeiro contra o PT veio, segundo os bastidores políticos, quando o partido do governo definiu, em dezembro de 2015, que não o apoiaria no Conselho de Ética da Câmara. Seu ato imediato foi aceitar um dos pedidos de impeachment e fazer andar o processo contra Dilma na Câmara- a ex-presidente reiteradamente o acusa de "vingança", o que ele nega.

Porém, mesmo depois da maior das várias derrotas que aplicou ao governo, o peemedebista preferiu evitar celebrar - ao menos publicamente. "Tudo isso é muito triste. Um caso grave", disse aos jornalistas quando processo contra Dilma passou a tramitar. A ex-presidente foi afastada do cargo em maio e os senadores votaram o impeachment dela no fim de agosto.

Cunha nunca pareceu estar disposto a buscar uma trégua. Para ele, era uma luta pela própria sobrevivência. Ele conseguiu fazer com que seu processo de cassação se arrastasse lentamente, mas não foi capaz de arquivá-lo.

"Eduardo Cunha quer destruir, um a um, os opositores que debatem sua cassação", disse à BBC Brasil o deputado José Carlos Araújo (PR-BA), que presidiu o Conselho de Ética.

Em 2017, o Netflix promete lançar uma série inspirada na Lava Jato. A criação e direção serão de José Padilha (Tropa de Elite, Narcos). Já a trama do roteiro tem sido escrita no dia a dia da política nacional, com a atuação de Eduardo Cunha e de outros personagens. E ninguém, até aqui, consegue prever o desfecho dessa história, mesmo com a prisão de Cunha.

Antes de sua prisão, Cunha rejeitava a possibilidade de assinar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, mas prometia um livro contando detalhes do impeachment de Dilma Rousseff e de seu próprio processo de cassação.

*Matéria originalmente publicada em 5 de maio de 2016 e atualizada em 19 de outubro, após a prisão de Eduardo Cunha.

Cunha: de líder do impeachment a preso pela Lava Jato

Posted: 19 Oct 2016 10:25 AM PDT

Eduardo Cunha foi preso por Moro Divulgação

O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), que teve o mandato cassado em setembro deste ano, passou de peça-chave no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para preso da Operação Lava Jato, acusado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas, pela manutenção de contas secretas na Suíça que teriam recebido propina no esquema na Petrobras.

Cunha foi um dos articuladores do impeachment, que começou meses antes da saída oficial de Dilma ser efetivada no Senado. Em meados de 2015, no papel de presidente da Câmara dos Deputados, Cunha rompeu com o governo e colocou em votação as chamadas pautas-bomba, que, em geral, criavam novas despesas para o governo federal e, ao mesmo tempo, arranhava a imagem da então presidente da República. A estratégia deu certo: houve diversas derrotas do PT no Congresso, o que afetou a governabilidade da ex-presidente.

O pedido de impechment foi aceito por Cunha após o PT decidir não o apoiar no processo de cassação contra ele na Comissão de Ética da Câmara, em dezembro de 2015. Na época, o então presidente da Câmara negou ligação entre a decisão dos deputados do PT e a dele. Meses depois, a mesma Câmara que o apoiou durante o processo de afastamento de Dilma, decidiu por sua cassação.

A figura de Cunha virou ícone durante a condução e articulação do impeachment, quando ainda presidia a Casa. Como "algoz" de Dilma, o ex-deputado chegou a ser ovacionado por movimentos sociais pró-impeachment, como o MBL (Movimento Brasil Livre).

Se de um lado Cunha chegou a ser visto como um herói, a então oposição o via como o mentor do que chamaram de "golpe" contra a ex-presidente, que teria sido arquitetado ao lado de Michel Temer (PMBD).

A família de Cunha também passou a ser investigada pela Lava Jato. Sua mulher, Cláudia Cruz, chegou a dar declarações de que nunca teve conhecimento de onde vinha o dinheiro das suas contas no exterior e o atribuía aos negócios do marido. O caso também respingou em sua filha. Cunha chegou a chorar em meio a uma coletiva de imprensa quando falou sobre sua família.

Em tom de "descartado" e considerado um peso para seu partido e aliados, o ex-deputado passou os últimos meses tentando se defender das acusações, garantindo estar sendo perseguido. Porém, nesta terça-feira (18), o juiz Sérgio Moro deferiu o pedido de prisão preventiva, que foi cumprido nesta quarta-feira (19). Existe uma expectativa de que Cunha faça novas revelações, que possam ajudar a Polícia Federal a conseguir novas informações sobre esquemas de corrupção.